São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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A OUTRA HISTÓRIA

. ARIANO SUASSUNA
"É bom ver meus netos correndo pela casa, parece que meu filhos ficaram crianças de novo. Ter filhos é bom e ter netos é tão bom quanto. É uma forma de imortalidade", afirma o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna, 70, lembrando, sem trair a memória, o nome dos 6 filhos e 13 netos.
Esse paraibano, que adotou Recife desde os 15 anos, refugia-se para escrever ou ler nos intervalos entre os apelos familiares e as complicadas obrigações do cargo de secretário estadual da Cultura de Pernambuco.
"Quando me fecho no gabinete, ninguém me aperreia. Consegui impor esse respeito pelo meu trabalho. Outro dia um dos meus netos começou a chorar enquanto eu escrevia. Não havia mais ninguém em casa, então o peguei no colo e fiquei brincando com ele. Foi bom. Talvez essa história seja mais bonita do que aquela que eu estava escrevendo. Na verdade, com o tempo, vamos ficando menos intransigentes."
Suassuna escreve seus textos à mão, em uma mesa estreita. Depois, os datilografa numa velha máquina de escrever. Mais tarde, revisa os escritos deitado em uma enorme cama, repleta de livros, que ocupa a maior parte do escritório e é também seu local preferido de leitura.
A casa, no tranquilo bairro de Casa Forte, foi construída em 1870, durante o Segundo Reinado. Tem generosas portas e janelas. Os azulejos foram desenhados pelo seu amigo e artista plástico Francisco Brennand. No jardim de entrada, há várias esculturas feitas por Zélia, sua mulher.
Como no resto do local, as paredes do escritório possuem vários quadros de Dantas, seu filho, de Romero de Andrade, seu sobrinho, e de .Aluizio Braga. Todos eles artistas que pintam o universo da cultura popular, assim como Suassuna faz com sua literatura.
ARIANO SUASSUNA nasceu em 1927 em João Pessoa (PB). É autor, entre outras, das peças "Auto da Compadecida", "Farsa da Boa Preguiça" e do romance "A Pedra do Reino" (José Olympio). Mora em Recife (PE).

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