São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 1997
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Pesquisa revela o vício da informação

The Independent
de Londres

CHARLES ARTHUR

Alexander, 13, passou três semanas de férias nos Estados Unidos esta semana. Ele não estava completamente feliz -foi o período mais longo que já passou longe da Internet.
"Foi muito frustrante", diz ele. "Eu tenho amigos ao redor do mundo e não podia receber as mensagens que eles me mandavam, nem enviar novas mensagens para eles."
Alexander não poderia enviar cartões-postais para dizer que estava na América? "Cartões-postais levariam uma semana para chegar, enquanto um e-mail (mensagem de correio eletrônica) leva um ou dois minutos", diz o menino.
"Um e-mail ainda informa a hora em que você enviou a mensagem e o lugar em que você está."
Alexander, que vive no oeste de Londres, pode ser um exemplo de uma nova espécie que está surgindo no final do século: o viciado em informação.
Pesquisa
Uma pesquisa divulgada na semana passada mostrou que o crescimento da Internet, e o enorme volume de informação que ela pode fornecer aos seus usuários, está criando uma classe de pessoas que fica estimulada ao encontrar as informações que quer e deprimida quando não consegue se conectar.
A pesquisa -realizada entre mil empresários no Reino Unido, Estados Unidos, Irlanda, Alemanha, Cingapura e Hong Kong- constatou que 80% dos entrevistados sentem-se compelidos a encontrar o máximo de informação possível para estarem atualizados em relação aos seus campos de atuação profissional.
E 43% dos entrevistados pela pesquisa disseram que procuram material na Internet relacionado ao trabalho mesmo quando estão desfrutando de férias ou folga.
Ainda segundo a pesquisa, pouco mais da metade dos entrevistados afirmou que sente "uma necessidade" de encontrar informações. O mesmo número afirmou que fica "excitado" ao encontrar a informação que procura.
Dependência
Mark Griffiths, psicólogo da Universidade de Nottingham-Trent (no Reino Unido), especializado em comportamentos de dependência, afirma: "Necessidades incontroláveis, mudanças de temperamento e conflito com outras atividades sugerem que a informação pode provocar dependência, embora seja preciso mais pesquisas nesse campo para se ter certeza."
Mike Foster, da Reuters Business Information, empresa que realizou a pesquisa, fornece três dicas para descobrir pessoas viciadas em informação.
1 - Se elas chegam ao escritório e a primeira coisa que fazem é sentar diante do computador para checar se há correio eletrônico -sem interagir com as outras pessoas no recinto.
2 - Se elas são as versões cibernéticas dos 'guerreiros do futuro', com o telefone celular conectado a fones de ouvido e toda a parafernália eletrônica plugada ao computador portátil.
3 - Se elas navegam pela Internet quando estão na cama.
Há uma cura para o vício da informação? Na verdade, talvez nós não precisemos de uma, sugere Foster.
"O lado bom é que as crianças serão mais preparadas do que a geração atual para lidar com esse problema, porque estão crescendo com a rede de informações. Os pais devem somente estar atentos para evitar que elas fiquem um tempo excessivo ligadas à rede", afirma ele.

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