São Paulo, terça-feira, 23 de dezembro de 1997
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Presidente pede mais apoio

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso pediu o apoio da oposição às reformas do governo durante cerimônia comemorativa do cumprimento da meta da reforma agrária deste ano de assentar 80 mil famílias.
FHC fez o apelo, recorrendo ao clima de confraternização de final de ano: "Por que não trabalhar juntos? Vamos aproveitar o fim de ano. Dez vez em quando, é bom ficar a favor."
Segundo o presidente, as forças de oposição que apóiam e lutam pela reforma agrária são as que mais prejudicam o andamento das propostas do governo no Congresso, como a reforma administrativa.
"É paradoxal. Os que mais lutam a favor da reforma agrária são os que mais fazem obstáculos, aqui, para o Estado se reformar", disse. "São os que dificultam a ação do governo. Impedem que se vá mais depressa. Isso deixa a gente um pouco desapontado."
Em entrevista, o presidente criticou o fato de o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ter anunciado realizar campanha a favor do candidato do PT às eleições presidenciais de 98. "Reforma agrária não pode ser feita com espírito partidário. Tem de ser feita com todo mundo."
Guerra de números
Durante a cerimônia, o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) anunciou ter assentado neste ano 81.944 famílias em projetos de reforma agrária. Segundo ele, já foram assentadas 185 mil famílias no atual governo.
"O Plano Real fraturou o latifúndio", disse o ministro. "Com a ajuda do Congresso, o governo fez as reformas necessárias na legislação", afirmou.
Segundo Jungmann, o governo FHC é recordista na desapropriação de imóveis para reforma agrária -4,9 milhões de hectares foram desapropriados nos últimos três anos.
Os dados são contestados pelas principais entidades que defendem a reforma agrária -MST e Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
Segundo o MST, foram assentadas em 97 pouco mais de 16 mil famílias. Na avaliação do presidente da Contag, Francisco Urbano, "o governo já pode dispor de terras para assentar esse tanto de famílias, mas ainda não o fez". Levantamento do Incra indica que este ano foram assentadas cerca de 16 mil famílias ligadas ao MST e 32 mil famílias ligadas à Contag.
Jungmann afirmou que não pretende continuar no cargo em um eventual segundo mandato de FHC. "Sou candidato a ex-ministro", disse ele.
"Até 98 serei ex-ministro quando o presidente quiser. Depois, já decidi que vou voltar à minha vida particular. Talvez trabalhar como consultor."
Jungmann era apontado como candidato a permanecer no cargo, na hipótese de reeleição de FHC. Membro licenciado da direção do PPS, disse que não pretende se candidatar a nenhum cargo político em 98.

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