São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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Quem subiu e quem desceu em 97

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Dentro das quatro linhas, quem subiu, quem desceu?
No gol, Taffarel chegou até a amargar um banco no Atlético-MG. Pode ter sido idiossincrasia de Leão, não sei. Só sei que lá, embaixo das traves, nosso goleiro campeão do mundo continua a semear mais incertezas do que segurança. Já Zetti, que varou o ano todo com a bola na ponta dos dedos, ao final, declinou. Falta de treinamento adequado? Cansaço? Ou falta de motivação, diante do descaso evidente de Zagallo?
Em contrapartida, Velloso manteve-se em pleno vôo o tempo todo, para ser alcançado no final por Carlos Germano, que antes, porém, penou alguns meses nas mãos sádicas de Eurico Miranda.
Ah, sim, e Dida, que levou seu Cruzeiro à conquista da Libertadores e ainda fez umas graças na seleção, na Arábia. Mas a grande surpresa foi o garoto André, do Inter.
Na lateral direita, um imenso deserto, onde Cafu reina sozinho, embora na seleção não venha jogando o que joga na Roma, até, pelo menos, a reta final de Riad. Bem atrás, vem Zé Maria, enquanto por aqui apenas Zé Carlos, que se revelou no São Paulo, já beirando os 30.
No miolo de zaga, Cléber e Mauro Galvão foram os mais regulares. Júnior Baiano disparou no final. E só, hein?
Já na lateral esquerda, há uma fila de talentos, encabeçada, claro, por Roberto Carlos, que esteve ali, ó, para ser considerado o craque da Europa. Em seguida, vêm Zé Roberto, Serginho, Augusto e as duas revelações do ano: Felipe, do Vasco, e Dedê, do Atlético-MG. Craques.
Ali na zona do conflito, onde a ordem é matar... a jogada, os que mais se destacaram foram os veteranos Dunga e César Sampaio, na seleção. Nos clubes, por aqui, o eterno Capitão, Marcos Assunção, Galeano, Rogério, Luisinho, sei lá quantos mais. Para essa função, façam sua escolha.
Já na armação, onde prevalece a inventiva e a habilidade, Denílson, disparado. Segue-o Rivaldo, do Barcelona, que nada tem a ver com o Rivaldo da seleção. Zinho subiu muito nas finais do Brasileirão, enquanto Juninho, por inércia dos competidores, foi no vácuo. Giovanni, porém, recuperou-se lá no Barça, enquanto Rodrigo, revelação do ano passado, afirmava-se de vez.
Lá na frente, a dupla Ro-Ro, sem papo, mais Edmundo e Muller. E aqui me pergunto o que faz por aí Bebeto, que nada fez?
Melhor campeonato? Aquele que está por vir no dia do juízo final (não o apocalíptico, mas o luminoso e utópico instante em que nossos cartolas tiverem juízo, afinal).
*
Certa vez, falando de torcedor vira-casaca, botei no rol o semiótico Décio Pignattari, glória da inteligência (assim mesmo, em bom português, não no teuto academês) nacional, que de palestrino bandeou-se para o arqui rival Corinthians, antes de vestir-se de cético. Outro dia, porém, obtive do mestre surpreendente confissão: antes de tudo, pasmem!, Décio era tricolor, na alma e nos botões, que são a consciência dos meninos pobres e dos homens bem dotados. E completou, num suspiro: "Ah, o Sastre..."

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