São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997 |
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NY revela imagens da 'era da máquina'
ANA MARIA GUARIGLIA
É o período entre as duas guerras mundiais, em que o registro fotográfico teve um grande desenvolvimento. "Images from the Machine Age: Selections from the Daniel Cowin Collection" apresenta mais de cem fotos acompanhadas de impressos, desenhos e pinturas. Para a curadora, Ellen Handy, o evento resgata uma era que deve ser analisada como base de muitas manifestações de hoje. "A mostra utiliza a fotografia e outros meios artísticos, de forma a explorar a evolução do modernismo e a relação entre seus elementos", disse. Segundo ela, a base dos ideais vanguardistas foi a fotografia pioneira do século 19, que influenciou principalmente as atitudes dos artistas europeus. Durante os anos 20 e 30, esses ideais cruzaram o Atlântico e abriram fronteiras para todos os campos da arte, influenciando o desenho, a charge e a pintura. Por sua vez, os artistas estabeleceram uma espécie de idioma de estilo, criando movimentos, o que os uniu em torno de novos padrões de trabalho. Um deles foi o construtivismo, método em que o fotógrafo interfere diretamente na construção de suas imagens, pesquisando cada etapa de sua elaboração. O novo método levou os fotógrafos Man Ray e Raoul Hausmann à Europa para conhecer e explorar o processo. Ray esteve em Paris e, ao voltar para os EUA, instituiu, em Nova York, o movimento dadaísta na fotografia, que cultuava o anarquismo estético, com imagens abstratas e absurdas. Na década de 30, resolveu associar-se ao movimento surrealista francês e voltou a explorar a fotografia realizada sem o uso da câmera, criando o que chamou de "Rayographs". Na verdade, estava reutilizando um processo usado por William Talbot em 1850: objetos tridimensionais eram colocados sobre papéis fotossensíveis e expostos à luz. Dependendo de sua quantidade, as imagens ganhavam aspectos, contornos e características peculiares, como se realmente estivessem sendo radiografadas. Um de seus trabalhos é "Objeto Matemático", em que monta o teorema do caos utilizando letras marcadas, dois círculos e um revólver transfigurado pela luminosidade. Na mesma época e a partir de experiências com fotomontagens, Raoul Hausmann concebeu a realidade sintética. A foto do impossível, ou a "foto-mentira", foi usada como desenho estilizado para fazer críticas mordazes e criar sátiras políticas. Além de Man e Hausmann, destacam-se na mostra Berenice Abbot e Jack Delano, além do desenhista Oscar Bluemner. Exposição: Images from the Machine Age: Selections from the Daniel Cowin Collection Onde: International Center of Photography (5ª avenida, 1.130, tel. 001/212/860-1777, Nova York) Quando: ter, das 11h às 20h; qua a dom, das 11h às 18h; até 22 de fevereiro Quanto: US$ 2,50 e US$ 4 Texto Anterior: Third Eye Blind é o fim dos anos 90 Próximo Texto: "O Sétimo Selo" e a ficção de cada novo ano Índice |
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