São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 1997
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Brasil privilegia estabilidade

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A eleição presidencial no Brasil, cujo primeiro turno ocorrerá em 4 de outubro de 98, será dominada por duas questões fundamentais. Ao mesmo tempo que a população se mostrará favorável à continuidade da estabilidade econômica, deixará claro que está preocupada e quer melhorias na área social.
É o que pensa o cientista político José Augusto Guilhon de Albuquerque, do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade de São Paulo.
"Se o governo não mostrar, de maneira clara, que é solidário com a população, poderá dar impulso à oposição", afirmou o professor à Folha. "Agora, não há nada que a população tema mais do que a instabilidade econômica."
A estabilidade econômica brasileira, conquistada em 94 com o Plano Real, deverá ser, novamente, a bandeira do presidente Fernando Henrique Cardoso (Partido Social Democrata Brasileiro), durante sua campanha à reeleição.
FHC foi eleito em 94 após ter implementado o Plano Real como ministro da Fazenda no governo Itamar Franco (1992-95).
Embora a inflação continue baixa -a estimativa para 97 é de apenas 4,5%-, FHC terá de enfrentar, em 98, um ano difícil para a economia, agravado pela crise do mercado financeiro internacional originada na Ásia. As perspectivas são de baixo crescimento econômico e desemprego elevado.
O agravamento da crise social poderá dificultar a reeleição de FHC, que continua, no entanto, favorito. De acordo com pesquisa Datafolha realizada entre 15 e 17 de dezembro, ele teria entre 34% e 37% dos votos no primeiro turno.
O segundo colocado seria Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores, que possui entre 22% e 23% das intenções de voto. Mas Lula tem a desvantagem de já ter perdido duas eleições presidenciais, a última delas para FHC.
Mas, tanto o professor Guilhon quanto o argentino Félix Peña, especialista em Mercosul, acham que, independente do resultado eleitoral, a política econômica não sofrerá mudanças de rumo.
"Hoje, as idéias de mercado, de estabilidade fiscal e de políticas macroeconômicas sólidas não são de esquerda ou direita", diz Peña.
"O desafio será conciliar a transformação do setor produtivo e a estabilidade com as necessidades de coesão e solidariedade social da população", afirma. "Os países que conseguirem isso se destacarão nos próximos anos."
(OD)

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