São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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Incêndio atrasa investigação em AL

Fogo queima documentos reunidos por CPI
ADRIANA BRUNO

SILVIA DE MOURA
DA AGÊNCIA FOLHA

Um incêndio, ainda de causas desconhecidas, destruiu ontem de madrugada os documentos do relatório da CPI da Assembléia Legislativa de Alagoas que investiga a emissão de títulos públicos para o pagamento de precatórios (dívidas judiciais).
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) apura irregularidades na emissão de Letras Financeiras do Tesouro do Estado.
Os deputados deveriam iniciar ontem a apreciação do relatório.
Perícia
O material retirado pelos bombeiros foi encaminhado para a perícia, que apontará as possíveis causas do incêndio.
"O material da CPI que estava lá foi todo destruído", disse a deputada Heloisa Helena (PT), que faz parte da comissão.
Ela não quis comentar se o incêndio teria sido criminoso, limitando-se a dizer que "a perícia é que vai definir as causas".
O secretário estadual de Comunicação, Romero Vieira Belo, disse que o "incidente é mais um desdobramento da onda que estão fazendo (contra o governo)".
Ele negou qualquer participação do governo no incêndio. "'Não faria sentido nenhum o governo provocar o tumulto", afirmou Belo.
Segundo ele, o governo tem o apoio da maioria dos deputados e qualquer questão pode ser resolvida por meio de votação.
Recomposição
O relatório final da CPI estava sendo novamente elaborado na tarde de ontem.
A comissão estava reunida com diversas entidades do Estado, entre elas a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Os integrantes da CPI tinham cópias de todo o material referente ao processo em suas casas.
"Com esses acontecimentos, a gente acaba se sentindo mais estimulado para continuar e finalizar o relatório rapidamente", afirmou Heloisa Helena.
Depoimento Na quinta-feira, o governador Divaldo Suruagy (PMDB) depôs à CPI. Ele disse que seu testemunho "foi só uma encenação teatral" e que o "relatório estava pronto" desde quarta-feira.
O dinheiro obtido com a emissão (R$ 301,6 milhões), cujo fim deveria ter sido o pagamento de precatórios, teria sido usado para pagar dívidas do governo com empreiteiras e usineiros.
Foi essa denúncia que motivou a instalação da CPI.

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