São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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FHC afirma que trabalhará agora com mais entusiasmo

WILLIAM FRANÇA
ENVIADO ESPECIAL A PETRÓPOLIS (RJ)

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, após ser aplaudido de pé por uma platéia de 700 empresários, que vai trabalhar "com mais entusiasmo" agora que a Câmara aprovou, em primeiro turno, a emenda que permite sua reeleição.
"Não posso negar uma coisa que é verdadeira: senti aqui que as pessoas gostaram da decisão da Câmara", disse ele, ao comentar sua participação na primeira cerimônia pública fora de Brasília após a vitória do governo na Câmara.
"Agora, eu acho que tem de esperar, ver o tempo passar e ver o que acontece. Eu vou trabalhar com mais entusiasmo. Eu sinto que a população está querendo que a gente faça o que estamos fazendo, e é isso que eu tenho que fazer como presidente do Brasil", disse FHC.
Fernando Henrique esteve ontem pela manhã no Palácio Quitandinha, em Petrópolis, no encerramento de um seminário sobre as perspectivas para o Rio de Janeiro no próximo século.
Ao ser parabenizado por um palestrante pela vitória na Câmara, o presidente foi aplaudido longamente pelos empresários.
FHC levantou-se para agradecer, e a reação dos empresários foi a de intensificar as palmas e aplaudi-lo de pé. Ele então agitou os braços, elevando o nível dos aplausos.
Depois, disse que ficou "comovido" com a cena, mas que era cedo para tratar de uma nova candidatura, apesar do apoio explícito dos empresários fluminenses.
"Acho que há é apoio para a continuidade do Plano Real", disse o presidente.
"Desafio moral"
Em seu discurso, FHC agiu como um autêntico candidato à reeleição e fez, mais uma vez, um balanço das mudanças e dos investimentos feitos no seu governo nas áreas de transportes, energia e comunicações.
Disse que a melhoria na infra-estrutura "é condição necessária, mas não suficiente" para a "integração positiva do Brasil" no sistema internacional.
"Tudo depende, basicamente, de nós melhorarmos a educação e ampliarmos o grau de capacidade tecnológica (...), de desenvolvimento cultural, sem o qual não existe a possibilidade de uma integração positiva", afirmou FHC.
Em seguida, o presidente disse que esse era "um desafio moral que não se resolve em um, dois ou três anos", e lançou metas de trabalho a longo prazo.
"Se se faz um porto em menor tempo, pode-se fazer uma ponte, um linhão de energia elétrica. (...) Muito mais difícil é lidar com aquilo que é fundamental: o ser humano", completou.
"Leva mais tempo, precisa de mais empenho, mas esse é o grande desafio."
Depois, FHC tentou desconversar e retirar a imagem de candidato à reeleição. À Folha, ele disse que não era necessário ficar oito anos no poder para cumprir o desafio. "Em até menos", disse.
Depois, na saída do encontro, desconversou novamente, afirmando que não estava falando em continuar no poder.
"O Brasil não termina em dois anos. Eu sempre tive projetos de longo prazo, e todo brasileiro deve ter, porque sem longo prazo você não muda o Brasil", afirmou.

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