São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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Presidente diz que poderá não se candidatar em 98

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Três dias depois de conseguir da Câmara dos Deputados a aprovação, em primeiro turno, da emenda que permite sua reeleição, o presidente Fernando Henrique Cardoso negou ontem que já esteja em campanha para se reeleger.
Depois de toda a operação do Palácio do Planalto para conseguir aprovar a emenda na Câmara (336 votos a favor, 17 contra), FHC disse "não estar pensando" ainda se vai ser candidato à Presidência da República em 1998.
"A campanha não existe, o povo é que é muito simpático", disse FHC, após a cerimônia em que liberou verbas para o porto de Sepetiba, em Itaguaí, cidade da região metropolitana do Rio.
A solenidade foi marcada por diversas faixas e bandeirolas pedindo a sua reeleição.
O presidente disse ainda ter dois anos de mandato a cumprir e que mais tarde verá se é necessário concorrer à sua própria sucessão ou "se outro vai pegar a mesma bandeira".
Críticas
O presidente aproveitou também para criticar seus adversários, que, segundo ele, o acusam de só pensar em se reeleger, e afirmou querer governar com "energia".
"Agora, se cada coisa que eu fizer disserem que é pela reeleição... se for coisa boa, que digam", afirmou o presidente.
Fernando Henrique Cardoso disse também que a eleição do líder do PMDB, deputado Michel Temer, para a presidência da Câmara dos Deputados "será uma coisa boa para o Brasil", pois Temer, afirmou, "tem ajudado muito a transformar" o país.
Temer é o candidato do Palácio do Planalto ao cargo: conseguiu 67 votos da bancada do PMDB para aprovar a emenda da reeleição.
O presidente disse ainda ter insistido junto às lideranças do governo no Congresso para que agora priorizem a aprovação das reformas administrativa e previdenciária. Durante a convocação extraordinária do Congresso, o único projeto importante votado foi a emenda da reeleição.
Cerimônia
Em seu discurso, o presidente criticou as esquerdas, que o atacam por passar à iniciativa privada empresas e atividades até então exercidas pelo Estado. Segundo ele, esses críticos "clamam pela volta de um Estado que era resultado do autoritarismo".
"Hoje, infelizmente, esses que se dizem progressistas abraçam o resultado do autoritarismo como se fosse progressista", afirmou. "Quem não entender isso (as mudanças no caráter do Estado) saiu da história."
No discurso, FHC aventou a possibilidade de não concorrer à reeleição. "Tomara que haja outro para que eu descanse", afirmou.
Até 1998, serão investidos R$ 150 milhões nas obras do porto de Sepetiba. A primeira parcela será de R$ 10,7 milhões, para obras de dragagem do canal de navegação, ampliando sua capacidade para receber navios de grande porte.

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