São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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Cinema britânico renasce

WAGNER ARAÚJO

DENISE MOTA
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES

Os termos usados têm sido "ressurgimento da indústria britânica de cinema", "renovada vitalidade do cinema britânico".
Especulações e esperanças à parte, os dados mostram que 1996 foi um bom ano para o cinema realizado no Reino Unido, depois de decepções e baixas em anos passados.
Boas produções, bons resultados nas bilheterias, movimentação de atores e técnicos e vários prêmios no ano passado mexeram com um aspecto muito presente no orgulho britânico: a necessidade de resistir ao poder de Hollywood.
"Segredos e Mentiras", de Mike Leigh, ganhou a Palma de Ouro no último Festival de Cannes, e Brenda Blethyn, a principal estrela do filme, ganhou o Globo de Ouro como melhor atriz dramática. "Trainspotting" gerou polêmica e lucros.
O filme obteve a sexta bilheteria no Reino Unido em 1996, faturando 12,4 milhões de libras. A festa dos ingressos foi americana, mas "Razão e Sensibilidade" (produção anglo-americana) também fez caixa, alcançando a sétima bilheteria no Reino Unido, com 13,6 milhões de libras.
Verbas
O British Film Institute organizou o "Guia Para Levantar Fundos Para Produções para TV e Vídeo". Distribuído gratuitamente, o guia contém informações sobre como obter verbas de instituições internacionais e nacionais.
Em outra mão, a October Gallery lançou "A Fábrica de Roteiros". O projeto foi copiado do similar americano, baseado em Nova York, chamado "The Fifth Night", que já ajudou mais de 30 autores a levarem suas histórias para as telas.
Reino Unido x Hollywood
Mas por que o cinema britânico tem cedido espaços, mesmo dentro do Reino Unido, para as produções hollywoodianas?
Para muita gente importante no meio, um dos aspectos para explicar a perda de fogo é a falta de "perspicácia e comando comercial" por parte de diretores e produtores.
O diretor Peter Greenaway reflete bem as questões que perturbam a comunidade cinematográfica britânica. "É bastante difícil fazer um filme para se tornar um grande sucesso. Fazer um filme como "O Livro de Cabeceira", sobre caligrafia, não é muito atraente comercialmente. O que tenho que fazer é administrar as minhas idéias sem cometer suicídio comercial."
Além de falta de dinheiro, a indústria cinematográfica britânica vive também a crise das idéias que funcionam no Reino Unido, mas não para a audiência americana -nem para o público mundial, em consequência da influência exercida pelo modelo hollywoodiano.
"A posição americana é que tudo tem que ser em inglês correto -algumas vezes alguns filmes ingleses são legendados", completa Greenaway.

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