São Paulo, sábado, 1 de fevereiro de 1997
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A RAPOSA E O GALINHEIRO

Recentemente foi divulgado um relatório interno do Banco Mundial denunciando práticas protecionistas no Mercosul. Houve também as iniciativas do governo dos EUA contra o regime automotivo brasileiro e advertências do FMI sobre a economia do país. Para não ficar apenas na relação dos EUA com o Brasil, há poucos dias a Argentina foi duramente advertida sobre sua legislação sobre patentes farmacêuticas.
Os EUA fazem o que podem para defender seus interesses comerciais. Países como o Brasil, vistos como "emergentes", enfrentam os benefícios e os custos dessa condição: são vistos como oportunidades de investimento, mas também como mercados consumidores a conquistar.
O corriqueiro tema dos atritos comerciais, entretanto, sai do terreno econômico e mesmo geopolítico para entrar no âmbito das suspeitas de natureza ética quando se verifica o comprometimento de uma autoridade com interesses menores.
É o que revelou o correspondente da Folha em Washington, Carlos Eduardo Lins da Silva, no tocante à responsável pelo comércio exterior dos EUA, Charlene Barshefsky. Diante do Senado, ela garantiu nunca ter feito lobby em favor de governos ou entidades estrangeiras (condição para assumir o posto). Mas a Folha obteve documentos provando a sua vinculação a empresas mexicanas em busca da aprovação do Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio).
Disputas comerciais são tão antigas quanto a atividade econômica organizada. Mas também nesse terreno é necessário garantir um respeito mínimo às regras do jogo. No caso dos EUA, parece claro que o presidente Clinton colocou uma raposa para tomar conta do galinheiro.

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