São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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Verão amplia o dicionário das gírias

AUGUSTO PINHEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se alguém em São Paulo comentar que você é "sarado(a)", não leve como xingamento. A pessoa só quer dizer que você é bonito(a).
As gírias que surgiram neste verão estão aí, circulando por todo o país (veja quadros ao lado), em shoppings, bares e praias.
A estudante paulistana Ana Paula de Munhoz Corrêa, 18, diz que aprendeu as gírias com os amigos e nos lugares que costuma frequentar. "A praia de São Paulo é o bairro de Pinheiros com seus barzinhos. Lá, a gíria rola solta."
Ela diz que utiliza muito os novos termos. "Se fico com um cara, digo que liquidei a fatura."
O estudante da 2ª série do 2º grau João Jungmann, 16, diz que as gírias que usa extrapolam o seu círculo de amizade. "Já ouvi várias pessoas falando as mesmas."
Segundo Dino Preti, professor de língua portuguesa da PUC-SP e especialista no tema, as gírias se difundem graças aos meios de comunicação e ao contato de diferentes grupos com a sociedade.
"A democracia trouxe uma grande aceitação da linguagem popular", explica. Ele lembra que, na época da ditadura, era vetado o uso de gírias nos jornais.
Os teens continuam sendo os maiores usuários dessa forma de expressão, que, na maioria das vezes, é original e efêmera.
Preti diz que os jovens falam mais gírias, pois são mais contestadores. E dá um toque para quem acha que os mais novos estão assaltando a gramática.
"Se o jovem usa gíria, não significa que ele não conheça a norma culta, mas quer usar uma linguagem própria, de auto-afirmação".

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