São Paulo, segunda-feira, 3 de fevereiro de 1997
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'Paciência tem limites', afirma Arafat

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A exuberância exibida por Binyamin Netanyahu formava duro contraste com a irritação de Iasser Arafat, o presidente da Autoridade Nacional Palestina.
"Paciência tem limites", esbravejou Arafat, após desfiar um rosário de queixas contra a lentidão do novo governo israelense no processo de paz.
Queixas que vão do aumento para 170 no número de dias em que os territórios ficaram fechados por Israel em 96 (contra 28 em 1992, início do processo de paz) à negativa israelense de autorizar a operação de um aeroporto na faixa de Gaza, concluído há sete meses.
Enquanto Netanyahu gabava-se de Israel ter uma renda per capita de US$ 17 mil (igual à média européia), Arafat dizia que 65% dos palestinos vivem, hoje, abaixo de linha de pobreza.
Arafat acha que esses problemas não são "apenas para os palestinos, mas para o processo de paz em todo o Oriente Médio".
Esperança manifestada também pelo presidente do Egito, Hosni Mubarak, após seu primeiro encontro com Netanyahu desde a posse deste.
Mubarak diz que os EUA trabalham em uma fórmula para novas conversações entre Israel e Síria.
O problema é que, agora, entra-se na fase mais delicada, que envolve os limites territoriais dos palestinos e, por extensão, a limitação das colônias judaicas.
Arafat discursou em árabe para o plenário do Fórum Econômico Mundial, menos na hora de falar das colônias, quando preferiu o inglês, para dizer:
"As colônias são ilegais, de acordo com resolução da ONU, com as cartas de garantia assinadas em Madri (na primeira etapa do processo de paz, em 91) e com o acordo com o governo Peres".
O inglês só voltou a ser utilizado para enfatizar o único positivo que o líder palestino podia exibir: disse que, enquanto Israel tem 14 pós-graduados para cada mil estudantes, os palestinos têm 18.
Mas têm um problema adicional: Israel importou 400 mil trabalhadores estrangeiros para atender à demanda de mão-de-obra, deslocando os palestinos -que enfrentam dificuldades para ingressar em Israel, dados os constantes fechamentos de seus territórios.
Hoje, há mais autorizações de trabalho para palestinos do que palestinos as usando, diz o próprio Netanyahu.
(CR)

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