São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997
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Supermercados desestimulam uso dos cheques pré-datados

Várias empresas dizem que custo operacional é alto

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados paulistas estão desestimulando o uso do cheque pré-datado para cortar custos e evitar a inadimplência.
A cobrança de juros -de 4% a 5% ao mês- para a compra de alimentos já funciona como um forte inibidor do uso do pré-datado, na análise de Omar Assaf, presidente da Apas (Associação Paulista dos Supermercados).
A rede Paes Mendonça, que aceita cheques para 30 dias nas lojas de São Paulo, informa que até o final deste semestre já não estará mais operando com pré-datados. Kiyoshi Taneno, gerente de operações, diz que o custo para administrar o recebimento dos cheques e mantê-los em carteira é alto. "A inadimplência também desestimula o uso."
O Paes Mendonça aceita cheques para 30 dias desde 1995. Hoje, eles participam com 1,6% do faturamento da rede em São Paulo.
A rede de supermercados Barateiro, com 30 lojas, também está desestimulando o pagamento de alimentos com pré-datados.
"Não temos explorado essa forma de pagamento porque ela não é eficiente para a empresa", diz João Fernandes d'Almeida Filho, diretor de marketing.
Os cheques pré-datados -para 30 dias- representam entre 8% e 9% do faturamento da rede. Os juros cobrados são de 3,5% ao mês.
O fato de os bancos estarem autorizados a emprestar dinheiro para empresas, tendo como garantia cheques pré-datados, não anima a expansão do prazo de pagamento oferecida ao cliente, pois os custos dessa operação são muito altos.
A rede Eldorado também não quer fazer alarde para atrair clientes com pré-datados. Já reduziu o prazo de 45 para 30 dias por conta da inadimplência. A rede São Jorge, com cinco lojas em São Paulo, é outra que estuda a possibilidade de cortar o prazo dado ao cliente -até 30 dias.
"Devemos cortar esse prazo ou passar a cobrar juros", diz Francisco Neto, diretor operacional.
Na sua análise, cobrar 5% de juros na venda de alimentos, como anunciou a rede Wal-Mart, "é uma distorção de mercado. Em lugar nenhum no mundo se vende alimento a prazo".
Para Neto, o cartão de crédito é utilizado no exterior com a finalidade de facilitar o pagamento, e não como financiamento.
Os supermercados de pequeno porte já reduziram o prazo de aceitação de cheques pré-datados de 60 dias para 30 dias, em média, informa Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, que reúne esses varejistas. Muitos vão cobrar juros.

LEIA MAIS sobre supermercados à pág. 2-11

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