São Paulo, terça-feira, 4 de fevereiro de 1997![]() |
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AÇÕES PELA METADE País curioso o Brasil. Em termos de saúde pública, então, algumas atitudes chegam a chocar. A mais moderna e eficiente medicina convive com alguns descasos absolutamente inaceitáveis. E não se trata apenas da velha e conhecida dicotomia entre a medicina dos ricos e a dos pobres. Trata-se de um problema de ações e inações desconcertantes no campo da vigilância sanitária. Segundo o Ministério da Saúde, a dengue, inclusive em sua variante hemorrágica (potencialmente letal), já está sendo considerada epidêmica em 14 Estados brasileiros. E é possível que ressurja em centros urbanos a febre amarela, uma vez que ambas as moléstias compartilham o mesmo vetor, o mosquito Aedes aegypti. É absurdo que o mesmo país que conseguiu erradicar a poliomielite por meio da vacinação, obteve um notável grau de excelência no controle do sangue e fez progressos na contenção da esquistossomose e do sarampo possa ter retrocedido tanto no campo das doenças transmitidas pelo Aedes, animal que já foi considerado, por duas vezes, "erradicado" do território nacional. O sucesso das campanhas de vacinação e o fracasso verificado no controle dos mosquitos no país fornecem duas lições: a descontinuação de ações de vigilância epidemiológica é inaceitável, e as vacinações em massa são um trunfo inestimável. Prevenir é sempre mais barato do que remediar, independentemente do mal que se queira combater. Assim, por que não considerar, entre outras, a hipótese de vacinação maciça contra a hepatite-B, que vem crescendo assustadoramente (mais do que a Aids e também por contato sexual) e não raro leva à cirrose hepática, ou contra a meningite, já se preparando para a chegada do inverno? Seria injusto não reconhecer os méritos até agora alcançados pelas autoridades sanitárias, mas fica claro que ações pela metade são antes um problema do que uma solução. Texto Anterior: MARATONA GLOBAL Próximo Texto: MATANÇA IMPUNE Índice |
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