São Paulo, quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
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Lembrou o caso Bodega

ROSANA DE VASCONCELLOS
DA REDAÇÃO

O caso Bodega foi a primeira coisa que me veio à lembrança quando identifiquei duas pessoas armadas no meio da confusão que pareceu, a princípio, ser uma discussão na porta do restaurante Mercearia do Conde, na noite de segunda-feira.
O jantar tranquilo com amigos estava definitivamente substituído pelo medo. "É um assalto. Vamos ficar calmos", consegui dizer, surpresa com meu sangue-frio.
Mas como não tremer diante de quatro desconhecidos armados, que por alguns intermináveis minutos se arrogam o papel de Deus, com o poder de decidir sobre sua vida e sua morte?
Como não temer a hipótese de alguém perder o controle, seja do lado dos mocinhos ou dos bandidos? Como não se irritar quando alguém insiste em pedir ao homem armado para deixar pelo menos as carteiras?
Fomos encurralados nos fundos do restaurante, com as mãos para o alto, como nos filmes. Felizmente, nenhuma violência física.
Recolhido o butim -relógios, jóias, dinheiro, celulares, a féria do restaurante-, os quatro assaltantes ainda fizeram ameaças caso alguém resolvesse segui-los.
A parte pior talvez tenha sido quando, aliviados por estarmos todos a salvo, elogiamos o "profissionalismo" dos ladrões.
Afinal, eles nos concederam a vida.

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