São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Montadoras podem cortar investimentos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Silvano Valentino, apresentou ontem ao governo a ameaça das montadoras de retirar investimentos prometidos no país caso seja alterada a política industrial.
Valentino repudia a prorrogação da cota tarifária para veículos japoneses, europeus e coreanos, não quer a adoção do mesmo mecanismo para os caminhões norte-americanos e reclama das reivindicações do governo argentino de aumento das exportações de veículos para o Brasil.
Seu elemento de barganha são os US$ 20 bilhões em investimentos diretos que as montadoras que se beneficiam do regime automotivo prometeram injetar no Brasil de 1996 ao ano 2000.
"Não brinquem com um plano tão poderoso para a atração de investimentos para o Brasil. Isso representa um perigo", afirmou Valentino.
"Não corram o risco de distanciar quem ainda não formalizou seu investimento no Brasil e de induzir quem já prometeu a investir de forma mais diluída ou em menor proporção", completou.
Meta em risco
Valentino esteve reunido ontem com o ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo, Francisco Dornelles, e com o secretário de Política Industrial, Antônio Sérgio Martins Mello.
Inicialmente, o MICT não esperava estudar propostas de política setorial de aumento da produtividade do setor, que já detém benefícios do regime automotivo. A Anfavea, entretanto, pressionou e conseguiu se somar aos 16 setores prioritários da política industrial.
A Anfavea não aceita que a cota tarifária para veículos de montadoras da União Européia, Coréia do Sul e Japão continue a ser usada como instrumento de barganha pelo governo.
O Itamaraty, entretanto, pretende negociar sua prorrogação por mais um ano como meio de desestimular as queixas contra o regime automotivo na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Paciência, uma cota já aceitamos. Mas que não haja outra", declarou Valentino.
Segundo Valentino, as montadoras não terão condições de atingir a meta de produção de 2,5 milhões de veículos até o ano 2000 caso o governo desacelere o crescimento da economia, com medidas de restrição ao consumo.
"Qualquer intervenção que freie a economia pode colocar em risco essa meta", afirmou.
Dados da Anfavea mostram que o mercado de veículos no Brasil deverá crescer cerca de 7% neste ano, com a comercialização de 1,8 milhão de unidades -das quais 240 mil importadas. Em 1996 não houve expansão.

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