São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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Vulcão é o vilão de 'Inferno de Dante'

ADRIANE GRAU
ENVIADA ESPECIAL A LOS ANGELES

Quando se fala em vulcões, logo surgem números para tornar mais assustador o mar de lama e cinzas que é sinônimo de catástrofe. Há 1.500 vulcões em atividade na Terra. Nos últimos 15 anos, inúmeras explosões mataram 30 mil pessoas.
Para combinar com tantos dígitos, a Universal acaba de gastar US$ 100 milhões para fazer um filme cheio de efeitos especiais.
"O Inferno de Dante" promete ser o filme de desastre natural mais badalado da temporada, mostrando a destruição de uma cidade de 8.000 habitantes por um vulcão.
A produção conta com um elenco experiente em ação, liderado por Pierce Brosnan (o atual James Bond) e Linda Hamilton ("O Exterminador do Futuro") e efeitos especiais da mesma equipe vencedora de Oscar por "Apollo 13".
O diretor Roger Donaldson, que nasceu na Austrália e cresceu na Nova Zelândia, conta que sempre se interessou por vulcões.
"Estudei geologia na faculdade", diz ele. "Nunca terminei o curso, mas sempre gostei do assunto." Para convencer a Universal a contratá-lo para "O Inferno de Dante", ele editou um vídeo de seis minutos com erupções de verdade. "Só quando viram o que poderíamos criar em termos de efeitos especiais é que se convenceram", afirma.
Segundo Pierce Brosnan, o que o atraiu para o papel do vulcanologista Harry Dalton não foram as cenas de ação.
"Fiz sozinho em '007 contra Goldeneye', como James Bond, muito mais cenas de aventura que todo o elenco de 'O Inferno de Dante'", diz ele. "Resolvi fazer o papel depois que Roger me mostrou como o personagem lida psicologicamente com o desastre."
Cenário inexistente
Ao lado de Brosnan, a atriz Linda Hamilton retoma as cenas de ação que a tornaram famosa em "O Exterminador do Futuro".
Segundo Hamilton, o mais difícil foi ter que interpretar tendo à frente apenas a tela azul onde mais tarde seriam inseridas as imagens do vulcão e lava escorrendo.
"Depois do 'Exterminador', achava que já estava treinada para isso", diz ela. "O mais complicado é lembrar em que sequência as cenas acontecem, pois não dá para saber o tempo todo se, por exemplo, a árvore já quase caiu na minha cabeça e é hora de começar a chorar", completa. "Não há árvore nenhuma."
Pierce Brosnan concorda com Linda Hamilton. "Num filme como este, temos que nos preocupar se o vulcão vai interpretar seu papel tão bem quanto o ator ao nosso lado", diz ele.
Para garantir a veracidade do mar de lava e cinzas que engole a cidade, foram contratados como consultores vulcanologistas ligados ao USGS (United States Geological Survey).
A famosa agência governamental ajuda a evitar desastres prevendo erupções como as do monte Pinatubo nas Filipinas em 1991 e do Ruiz na Colômbia em 1985.
Caos
"Todos pensam que as erupções são só um mar de lava, mas há também os incêndios, as cinzas e os terremotos que tornam tudo ainda mais caótico", lembra o vulcanologista David Harlow.
Ironicamente, os atores principais concordam que as cenas na água, e não no fogo, foram as mais difíceis.
Segundo Linda Hamilton, ela por pouco morreu afogada quando o barco em que eles tentam atravessar um lago cercado de chamas foi quase corroído pela água por causa dos gases de enxofre.
"Estávamos num lago artificial no estúdio", lembra ela. "Mas a água subiu rápido, e, até o resgate chegar, engoli muitos goles."
Para Pierce Brosnan, a cena em que ele e Linda atravessam o rio numa camionete foi a mais assustadora.
Segundo ele, ser guinchado por um helicóptero durante três minutos foi muito melhor. "Tive que ser carregado até o outro lado do vale, mas preferi dispensar o dublê", conta.

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