São Paulo, quinta-feira, 6 de fevereiro de 1997
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O PAS EM XEQUE

A sobrevivência do PAS (Plano de Atendimento à Saúde), da Prefeitura de São Paulo, foi muito questionada por políticos de oposição que se colocavam contra a iniciativa -válida e que, em seu primeiro ano, mostrou resultados bastante satisfatórios.
A verdade é que, em muitos setores da administração malufista, alguns projetos viveram um momento de pujança que não se manteve depois do período eleitoral. Recentes informações acerca de suas dificuldades estruturais mostram que o mesmo pode estar acontecendo com o PAS.
Deve-se reconhecer que o atendimento em hospitais e postos de saúde públicos municipais para os casos mais simples (que os médicos denominam de primário e secundário) melhorou. Quando o paulistano precisa de um simples curativo, é hoje mais bem atendido por um médico que ganha mais e por um hospital que dispõe pelo menos de materiais básicos para um socorro imediato.
O atendimento secundário, contudo, tem chegado no máximo à cura de uma pneumonia. Nos demais casos (terciário e quaternário), as unidades do PAS, segundo denúncias feitas por vários profissionais, costumam encaminhar os pacientes para os hospitais públicos estaduais com a finalidade de poupar despesas.
Assim, a rede municipal acaba se eximindo de procedimentos mais caros como, por exemplo, cirurgias de baixo ventre ou tratamentos quimioterápicos contra o câncer. No caso de terapêuticas quaternárias (transplantes, cirurgias de peito aberto ou cerebrais), o atendimento é praticamente concentrado no Hospital das Clínicas e no Incor, exceto para os que podem pagar pelos particulares Albert Einstein e Sírio Libanês.
Apesar dessas ressalvas, é precipitado condenar o PAS como filosofia. A terceirização dos atendimentos pode realmente ser um caminho para adquirir maior eficiência. A melhor remuneração dos médicos é certamente desejável. Resta saber se os custos do pronto atendimento justificam os gastos de todo o projeto.

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