São Paulo, sábado, 8 de fevereiro de 1997 |
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Marketeiro é o mais novo profissional das escolas
RODRIGO VERGARA
O empresário Wagner Jacopetti, diretor da Nenê de Vila Matilde, é um deles. Jacopetti fez sua primeira incursão no Carnaval em 89, na Tradição, do Rio de Janeiro. Desde então, tem se dedicado a contatar empresas para escolas de samba, como a Nenê e Tradição. Para Jacopetti, o segredo é atrair a classe média. "O Grupo Especial já é um evento hollywoodiano. O público de classe baixa está restrito aos outros grupos do desfile", diz. A Vai-Vai, que também tem um marketeiro, esconde o nome do profissional. "É delicado, ele não deixou a empresa onde trabalha", diz Sólon Tadeu Pereira. Para Elaine Cristina Cruz Bichara, da Mocidade Alegre, há vários caminhos para a exploração comercial do desfile: melhorar contratos com a televisão, profissionalizar o homem de marketing e criar incentivos fiscais para quem apoiar o Carnaval. "Ou as escolas se profissionalizam, ou vão sucumbir", diz Eduardo Basilio, presidente da Rosas de Ouro, uma das poucas que diversificou as fontes de renda e não enfrenta falta de dinheiro. Quatro vezes campeã e duas vezes vice somente nos últimos seis anos, a Rosas deve fechar o Carnaval com dinheiro em caixa. E o investimento para o desfile do próximo ano começa antes de terça. A escola compra e reforma fantasias e esculturas das concorrentes, usa em shows e revende. A Gaviões também exibe boa saúde financeira, mas por outras razões. É que a diretoria não faz distinção entre a contabilidade da escola e da torcida de futebol, a maior organizada do Brasil. Na opinião de Basilio, a profissionalização é a saída para as escolas evitarem o dinheiro ilícito, como do jogo do bicho. Jogo do bicho A maioria das escolas entrevistadas pela Folha alegou gastos incompatíveis com as poucas fontes de renda. O rombo, em alguns casos, chega a R$ 300 mil. Algumas dizem que o déficit vai virar dívida. Outras, que doações vão cobrir o buraco. Todas negam semelhanças com escolas cariocas, financiadas por bicheiros. Leandro Alves Martins, 46, da Leandro de Itaquera, é o único que admite ter recebido, "no passado", dinheiro de um banqueiro do bicho, conhecido como"Bolão". Hoje, segundo ele, isso acabou. Gabriel Cezar Zacarias Inellas, promotor que investiga o jogo do bicho em São Paulo, diz que nunca detectou ligação entre a contravenção e as escolas de samba. A informalidade e a organização das escolas de samba, propícias para lavagem de dinheiro ilícito, atraem outros tipos de atividades. "Um traficante propôs financiar a escola em troca de vender drogas e guardar armas na escola", diz Marko Antonio da Silva, da Tom Maior, que recusou a oferta. (RV) Texto Anterior: Patrocínio das escolas Próximo Texto: Escola troca enredo por patrocínio Índice |
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