São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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FHC faz previsão econômica ideal ao projeto de reeleição

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A LONDRES

A economia brasileira crescerá cerca de 9% até a eleição de 1998. Previsão de Fernando Henrique Cardoso, presidente da República e, como tal, beneficiário óbvio de tal crescimento, se passar a emenda que o autoriza a disputar um novo mandato.
Pelos cálculos do Palácio do Planalto, passa: "Agora, parece não haver volta atrás", diz o chefe do Gabinete Civil, Clóvis Carvalho, membro da comitiva que viajou ontem de Londres para Roma.
O presidente diz que as estimativas são de um crescimento de 4,5% tanto este ano como em 98, o ano eleitoral, o que daria um salto de 9,20% nesses dois anos.
Como FHC prevê inflação de apenas 7% para 1997, o cenário econômico para disputar um segundo mandato não poderia ser melhor para o governante.
A um auditório repleto de autoridades e empresários britânicos e latino-americanos, FHC vendeu um quadro ainda mais colorido de sua gestão:
"Entre 1993 e 1988, a economia brasileira deverá registrar um crescimento da ordem de 30%."
FHC assumiu como ministro da Fazenda em 93, para lançar, no ano seguinte, o Plano Real. E 1998 é o ano em que deixa a Presidência, se não houver reeleição.
Aos jornalistas, o presidente disse que esse crescimento contínuo "é que transforma um país".
Acrescentou: "Não adianta crescer 7% num ano e cair para menos 2% no ano seguinte. Queremos um crescimento que seja sustentado".
O presidente participou na manhã de ontem da sessão inaugural da conferência "Vínculo com a América Latina", aberta pelo primeiro-ministro inglês John Major.
Em inglês, FHC lembrou que, nos anos 70, foi o titular da Cátedra Simón Bolívar da Universidade de Cambridge, um dos templos acadêmicos britânicos.
Mas o intelectual de 20 anos atrás deu lugar, ontem, a um vendedor de seu país como pólo de atração para investidores estrangeiros. Usou até o argumento de que 380 das 500 maiores corporações internacionais estão presentes no Brasil para dizer: "O Brasil é um precursor da globalização, não um retardatário".
Palavras apropriadas para o tipo de público, porque parece haver um disseminado sentimento de que a Grã-Bretanha "não está indo tão bem quanto deveria na região", como disse o presidente da sessão, o deputado Tristan Garel-Jones.
Ou seja, não está aproveitando as oportunidades em um subcontinente que "está aberto para negócios", na descrição feita pelo premiê John Major.
Major ainda completou: "Hoje, a América Latina é uma das regiões de mais rápido crescimento no mundo. Essa é uma mensagem que os homens de negócios britânicos deveriam levar de volta para suas diretorias".
Mensagem, de resto, reproduzida ontem, em termos mais cautelosos, pelo influente "Financial Times" em artigo de seu editor de América Latina, Stephen Fidler.
O subtítulo diz que "a América Latina poderia estar entrando em um período de crescimento sustentado" após a crise mexicana.
Mas lembra estudo de dois economistas do Banco Mundial que lista os cinco fantasmas que ainda assombram a economia da região: baixo crescimento das exportações; reduzida taxa de poupança interna; taxas de juros muito altas; nível de desemprego alto e crescente; e instituições estatais débeis.
Fantasmas presentes também no Brasil.

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