São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
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Carnaval e Propaganda

HÉLIO SCHWARTSMAN
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Se Zeus fosse realmente um sujeito cruel, teria obrigado Prometeu, não a ter seu fígado diariamente devorado por aves de rapina, mas a escrever quase que todos os dias sobre o Carnaval.
A etimologia da festa é obscura, mas tem algo a ver com carne ou sua supressão quaresmal. É que os bons e velhos cristãos se abstinham de comer carne (em todos os sentidos) nos 40 dias que procedem a Quarta-Feira de Cinzas.
O hábito de privar-se da carne foi quase esquecido (mas o de comê-la, em todos os sentidos, mesmo durante a Quaresma, não).
É que a Igreja Católica, salvo em tempos recentes, sempre foi a maior propagandista da história, superando qualquer W/Brasil, DM-9 ou tantas outras agências quanto se imaginarem.
O próprio termo "propaganda" foi forjado pelos católicos, com "Confederatio de 'Propaganda' Fide" (Confederação para a Propagação da Fé), apesar de o tempo verbal "propaganda" nada significar isoladamente, o fato é que as pessoas costumavam aproveitar o Carnaval para realmente abusar, em termos de carne. A igreja fez o que pôde.
Embora contra a vontade, os clérigos admitiram Saturnálias, ritos célticos, nórdicos e até pérsicos de fertilidade. É quase a maior mistura de produtos vendidos a um só tempo.
Talvez, perca apenas para o Natal, esse sim o maior sucesso da propaganda católica, mas essa já é uma outra história.

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