São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Compositor Fito Paez ataca de cineasta

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

Pode parecer inverossímil, mas Fito Paez vai dirigir um longa-metragem. O cantor argentino diz ter levado quase dois anos para escrever o roteiro de "Vidas Privadas", que pretende cobrir os últimos 20 anos da história de seu país.
Em entrevista à Folha, após se apresentar no Planeta Atlântida -festival que aconteceu a 140 km de Porto Alegre (RS), no início de fevereiro-, Paez falou ainda sobre integração cultural no Mercosul, o repentino sucesso no Sul do país, Paralamas e Caetano.
*
Folha - Qual o tema de "Vidas Privadas"?
Fito Paez - Retrata a história da Argentina entre os anos 1976 e 1996 e, particularmente, uma grande tragédia que aconteceu neste período. Não posso adiantar mais nada sobre o argumento. As filmagens acontecem entre julho e setembro deste ano.
Folha - Quando se fala em integração cultural no Mercosul, o seu nome sempre é lembrado. Quando o Mercosul vai acontecer em termos musicais?
Paez - Eu acho que Mercosul cultural não existe. O acordo é essencialmente político e econômico. Até o momento, o Mercosul não teve nenhuma ingerência na cultura... e nem vai ter no futuro.
Se acontecer alguma integração entre os povos, não vai ser por que um comerciante brasileiro está vendendo a um argentino ou vice-versa. Se você quer uma referência sobre intercâmbio cultural no Cone Sul, deve lembrar de Caetano Veloso que, há 20 anos, já cantava tango na Argentina. É um coisa pessoal, que não tem relação nenhuma com o Mercosul.
Folha - Apesar do sucesso no Sul do país, do Rio de Janeiro para cima o nome de Fito Paez é pouco ou nada conhecido. Você pensa em fazer algum trabalho direcionado para o mercado brasileiro?
Paez - Não, isso seria absurdo e é claro que não há um plano de conquista. O Brasil é um país bastante complexo e tem uma história muito complicada. Minha intenção é ficar mais tempo aqui, conhecer pessoas e ter uma atuação política e cultural mais direta.
Folha - Você ficou surpreso com o sucesso repentino no Sul?
Paez - Sempre me espanto quando vou a algum lugar fora da Argentina e tenho tanta aceitação. Por outro lado, também acho um processo natural que a coisa comece pelo Rio Grande do Sul, já que está próximo da Argentina.
Folha - As parcerias com Paralamas vão continuar?
Paez - Creio que sim. Conheço Herbert há tempos e temos uma relação muito direta. Então é bem provável que façamos alguma coisa juntos a qualquer momento.

Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch
Próximo Texto: Jovens são os "ganhadores" de Miami
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.