São Paulo, terça-feira, 11 de fevereiro de 1997 |
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Congresso tenta acabar com a crise Deputados se reúnem hoje IGOR GIELOW
Os deputados se reúnem hoje, em sessão extraordinária, para elaborar e colocar em votação uma emenda constitucional que permita ao Congresso eleger um presidente interino. A sessão é uma espécie de "mea culpa" dos 44 deputados que derrubaram Bucaram alegando incapacidade mental e colocaram na Presidência interina o presidente do Congresso, Fabián Alarcón. O Congresso não tem poder constitucional para fazer o que fez. Segundo analistas, a pressão popular nas últimas cinco semanas, durante as quais uma pessoa morreu durante protestos contra aumentos de tarifas públicas por Bucaram, acabou legitimando o ato parlamentar na prática. Só que as Forças Armadas, instituição mais prestigiada do país junto à Igreja Católica, operaram nos bastidores para a retomada do caminho constitucional. Com isso, tomou posse anteontem a vice-presidente Rosalía Arteaga. E começaram novos boatos. Golpe O principal deles dá conta que Rosalía na realidade quer permanecer no poder. Alguns jornais equatorianos deram destaque ontem à hipótese calcados em declarações do novo ministro do Governo, Gil Barragán. Ele havia afirmado que o Congresso tem de trabalhar para conseguir nomear um novo presidente. "Isso é um absurdo antidemocrático", afirmou à Folha o deputado Heinz Moeller (Partido Social Cristão, anti-Bucaram). Barragán parecia estar se referindo à necessidade de haver dois terços de votos no plenário para mudar a Constituição, o que significa 55 votos entre 82 deputados. Segundo contas de deputados anti-Bucaram, a votação seria tranquila. Só são contados como oposição certa os 19 votos do partido do presidente deposto. Militares O comando militar do Equador manteve ontem o distanciamento público que marcou sua atuação até agora na crise. O general Paco Moncayo, líder das Forças Armadas, deixou ordens em seu quartel que só voltará a trabalhar após o Carnaval, amanhã à tarde. Mas continua trabalhando nos bastidores, a Folha apurou. Ele é o "kingmaker" do país hoje, ou seja, o homem cuja posição é definitiva para a definição do novo presidente interino. Especula-se que Moncayo esteja procurando um novo nome para oferecer ao Congresso como opção de presidente interino. O Exército retirou os homens que protegiam a casa de Abdalá Bucaram em Guayaquil ontem. Ficarão à disposição do presidente deposto, que ontem foi descansar no balneário de Salinas, dez soldados. Segundo o Exército, essa é a norma para ex-presidentes. Alarcón Já Fabián Alarcón mantém sua vontade de ser o presidente que conduzirá o país até novas eleições em agosto de 1998. Ele não é bem visto pelas Forças Armadas por seu estilo populista e pelo "golpe branco" que deu ao assumir interinamente o governo. "Mas ainda assim ele tem 80% de chances de assumir o poder, uma vez que é o único com apoio no Congresso", afirmou o analista político Jaime Duran. Após a aprovação das mudanças constitucionais, que precisam de dois terços dos votos, a eleição para presidente interino só precisa de metade mais um dos deputados. E isso Alarcón já tem garantido. Texto Anterior: Simpson deverá pagar mais US$ 25 mi Próximo Texto: Problemas econômicos permanecem sem solução Índice |
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