São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997
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O VERDE VALE MAIS

O setor agrícola brasileiro esteve entre os mais sacrificados no período que se seguiu ao Plano Real. Falava-se, três anos atrás, de uma âncora agrícola quase tão importante quanto a âncora cambial. Com seus preços deprimidos e uma crise financeira séria, a renda agrícola perdeu espaço no produto nacional.
No ano passado, esse quadro de dificuldades mostrou alguns sinais de mudança. A renda agrícola em 1996 foi estimada em R$ 15 bilhões, com uma produção de cerca de 80 milhões de toneladas. Agora o setor parece servir de âncora novamente, no entanto de uma forma mais positiva. O déficit na balança comercial poderia ter sido maior no ano passado, por exemplo. O superávit de US$ 10 bilhões obtido com as exportações no setor ajudou a melhorar a situação das contas externas brasileiras.
As vendas de máquinas agrícolas (tratores e colheitadeiras) tiveram aumento de 67% em janeiro, comparadas a janeiro do ano passado. Em 1996, entretanto, o saldo ainda é negativo: foram vendidas 13.887 unidades, uma redução de 38,84% em relação ao ano de 95. Há muito a reconquistar, portanto. Foram 21 meses de quedas consecutivas de vendas de máquinas agrícolas no Brasil.
A partir de agora, além do aumento da renda agrícola, surgem novas alternativas de financiamento ao investimento em máquinas, como a linha da Finame (Agência Especial de Financiamento Industrial), com juros de 16% ao ano e prazo de até cinco anos. Não é à toa que novos investimentos estejam sendo anunciados. A empresa Case, por exemplo, anunciou nova fábrica de tratores em Goiás no valor de US$ 100 milhões.
A busca de financiamento externo também cresceu muito e, nesse caso, os agricultores passaram a ser beneficiários da âncora cambial. Estima-se em mais de US$ 5 bilhões os recursos externos direcionados ao "agribusiness" brasileiro no ano passado, segundo Manoel Félix Cintra Neto, presidente da BM&F.
Em se tratando de âncoras, pelo menos esse "verde" tem demonstrado que merece valer mais.

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