São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997
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Fernando "César" Cardoso

CLÓVIS ROSSI

Roma - Foi um prato cheio para aqueles que acreditam na promessa (ou ameaça, ao gosto de cada qual) do ministro Sérgio Motta de instaurar um reinado de 20 anos do tucanato no Brasil.
O presidente Fernando Henrique Cardoso posou ontem para fotos diante das estátuas de Júlio César e de Marco Aurélio, imperadores de uma Roma que era o centro do mundo.
Pode ter sido acaso, embora a programação prévia distribuída aos jornalistas e fotógrafos explicitasse que haveria a oportunidade para fotos diante das tais estátuas.
Como, em todo o caso, ambas ficam no Campidoglio, sede do governo romano desde que Roma é Roma, faz 2705 anos, cabe a hipótese de coincidência. Afinal, visitar o Campidoglio é obrigatório para qualquer mandatário em visita oficial a Roma.
Acaso ou simbolismo, sei lá, convém lembrar que Júlio César acabou com a República, pouco menos de meio século antes de Cristo, e instaurou a ditadura. Morreu logo depois, esfaqueado em uma daquelas disputas de poder como já não se fazem mais.
Honestamente, não acredito que FHC tenha as tentações "cesaristas" que lhe atribuem alguns oposicionistas, como o presidente nacional do PT, José Dirceu, e mesmo alguns companheiros desta Folha.
Em todo o caso, espero que tenha aproveitado a conversa de ontem com o primeiro-ministro italiano Romano Prodi. Afinal, conversaram sobre a coincidência temporal entre a implosão do sistema partidário italiano e a implosão da Presidência Collor de Mello, no Brasil.
Collor, para quem não se lembra, foi o mais recente ensaio de poder imperial nos tristes trópicos, ainda que com mais tendência para o ridículo do que para qualquer outra coisa.
Convenhamos que o último "imperador" com alguma credibilidade foi Richard Burton no papel de Marco Antônio, contracenando com Elizabeth Taylor.

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