São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 1997
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O medo do "efeito Bush"

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - FHC falou sobre câmbio na Europa. Em Brasília, passado o Carnaval, o assunto será esse: a economia.
Como serão as possíveis medidas para correção de rumo do Plano Real? Haverá uma freada forte? Quando? Ou serão apenas medidas pontuais?
Eis, a seguir, alguns comentários ouvidos dentro do governo:
1) reeleição é a prioridade - todas as medidas econômicas, como já era praxe, agora serão muito mais pensadas em termos políticos do que econômicos. O que importa é garantir a reeleição de FHC em 98;
2) já está tarde para frear - como se fosse um transatlântico, a economia demora para reagir a mudanças de rumo. A equipe econômica até gostaria de fazer correções. Só que frear agora surtiria resultado de fato lá pelo final deste ano;
3) ficaria tarde para acelerar - depois de uma freada, o governo teria de acelerar em tempo de reeleger FHC. Mas uma acelerada, apenas no início de 98, poderia ser tarde demais;
4) o medo do efeito Bush - Os governistas citam George Bush, ex-presidente dos EUA que ganhou a Guerra do Golfo e perdeu a reeleição para Bill Clinton. Na época, havia até uma piada nos corredores da Casa Branca.
"It's the economy, stupid" (é a economia, seu burro), diziam os assessores para Bush. Quando ele acordou, era tarde. Os EUA voltaram a crescer aos olhos dos eleitores só no final de 93, quando Clinton já estava eleito.
George Bush fez o que deveria ter feito. Tomou as medidas certas na hora exata. Tanto é que o país está crescendo quase sem sobressaltos desde então.
Mas Bush perdeu a eleição. E isso os tucanos não querem para FHC.
Os tucanos preferem o estilo Menem. O argentino não fez o que deveria na economia. Mas foi reeleito.
A Argentina, é bem verdade, está mergulhada numa situação complicada. Mas esse é outro problema.
Em resumo, o Brasil de FHC vai correr solto até 98. Haverá uma medida pontual aqui e outra ali. E só depois da reeleição, em 99, virá a pancada mais ou menos forte na economia.

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