São Paulo, sexta-feira, 14 de fevereiro de 1997 |
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Grande virada estraga "Jerry Maguire"
MARIANE MORISAWA
Frio e forçado -fingido até-, percebe um dia que é apenas um "tubarão de terno". Fica chocado quando um de seus clientes nega um autógrafo a uma criança porque o "card" que ela portava não era de seu patrocinador. E resolve mudar sua vida quando o filho de um jogador seriamente contundido implora que Maguire peça a seu pai para parar de jogar. Escreve, em uma noite de febre, um memorando em que prega um tratamento mais pessoal a cada um de seus clientes -só que, para isso, é necessário ter menos jogadores sob sua responsabilidade. Resultado? É demitido, claro. E tenta se recuperar, contando com a ajuda do desmiolado jogador de futebol Rod Tidwell (Cuba Gooding Jr.) e de Dorothy Boyd (Renee Zellweger), única a deixar a empresa para acompanhá-lo. E, quando uma garota entra no meio, em filme de Tom Cruise, um romance vai acontecer. E "Jerry Maguire", a partir daí, deixa de ser uma comédia e vira comédia romântica. Dorothy é viúva, tem 26 anos e um filhinho, Ray (Jonathan Lipnicki). É bonita, doce e compreensiva -um sonho, enfim. Mas ela é boa demais para Maguire, que sofre de um problema: não suporta a intimidade. Seus relacionamentos, profissionais ou pessoais, ficam sempre na superfície. Mas, mais uma vez, uma criança pode mudar a vida de Jerry. A partir do ponto em que o filme vira romance, a graça migra das desventuras de Maguire e de seu affair para os coadjuvantes. Cuba Gooding Jr. e Regina King (Marcee, a mulher de Tidwell) formam um casal romântico, mas engraçadíssimo; Bonnie Hunt (Laurie, irmã de Dorothy) enche de ironia e sarcasmo a história. E não poderia faltar um garotinho esquisito, que dá um toque de humor infantil. A culpa de a ação ficar nas mãos dos papéis secundários não é dos personagens ou dos atores. Pelo contrário. São eles que seguram o filme. Jerry -indeciso sobre seus sentimentos, ambicioso, às vezes mau, muitas vezes bom- pode ser encontrado por aí. Também existem a mulher compreensiva, a irmã que dá palpite em tudo. Os intérpretes são o ponto forte. Tom Cruise prova que melhorou ao longo dos anos. Renee Zellweger é uma das revelações do ano. Cuba Gooding Jr., que já mostrara talento em "Boyz'n the Hood", dá um show como o exagerado Tidwell. E Bonnie Hunt consegue destacar um papel pequeno. E, por isso, as indicações de Gooding Jr. e Cruise são merecidas. Cruise tem boas chances -ganhou o Globo de Ouro e é homem da indústria, o primeiro na história a fazer cinco filmes em seguida com renda superior a US$ 100 milhões ("Questão de Honra", "A Firma", "Entrevista com o Vampiro", "Missão Impossível" e "Jerry Maguire"). O problema de "Jerry Maguire" é a tal "grande virada". Talvez ela seja grande demais. E, por esse motivo, indicar a produção dirigida por Cameron Crowe a melhor filme do ano é um pouco demais. Ainda mais quando "Ondas do Destino" e outros muitos ficaram de fora. Coisas da Academia. Filme: Jerry Maguire Produção: EUA, 1996 Direção: Cameron Crowe Com: Tom Cruise, Renee Zellweger Quando: a partir de hoje, nos cines Metro 2, Paulista 2, Eldorado 1 e circuito Texto Anterior: Martha Stewart mata de inveja a mulher moderna Próximo Texto: Zellweger é revelação Índice |
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