São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 1997
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Remessa ao exterior cresce com a CPMF

Montante em janeiro atinge US$ 683 mi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os lucros e dividendos enviados ao exterior atingiram US$ 683 milhões em janeiro, devido à CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
Os números são do Banco Central, que considera atípico esse envio de recursos. Ele representa 17,78% do total enviado em 96, quando saíram US$ 3,841 bilhões.
"Parece que as empresas decidiram antecipar o balanço e remeter os lucros para fugir da CPMF", disse o diretor do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.
Segundo ele, o normal é que as empresas enviem lucros e dividendos em fevereiro e março.
Além da influência conjuntural da CPMF, o envio de recursos ao exterior também cresce devido aos investimentos diretos no país e à maior lucratividade das empresas.
Nos últimos cinco anos, os lucros e dividendos enviados ao exterior cresceram 458,2%. Em 91, foram remetidos apenas US$ 688 milhões -ou seja, o total daquele ano é praticamente igual ao enviado apenas em janeiro de 97.
No ano passado, os investimentos diretos, como instalação de fábricas e compra de empresas, chegaram a US$ 9,442 bilhões. Em 91, eram apenas US$ 760 milhões.
Maior ingresso de investimentos diretos significa que, no futuro, as remessas de lucros devem crescer.
Fuga de capitais
Não se concretizou em janeiro a fuga de capitais cogitada pelo diretor de Assuntos Internacionais do BC, Gustavo Franco, com o início da cobrança da CPMF.
A saída de recursos se restringiu aos fundos de renda fixa, que têm apenas um pequeno volume de capital estrangeiro. Essa aplicação registrou saída de US$ 129 milhões.
As Bolsas, ao que tudo indica, mantiveram os menos níveis de investimento.
Segundo números do BC, o ingresso de recursos direcionados à compra de ações de empresas brasileiras superou a saída em US$ 1,402 bilhão.
Parte desses recursos ingressou por meio da venda, em Nova York, de recibos que representam ações de empresas brasileiras.
Mesmo com a colocação de papéis no exterior, os dados do BC não indicam que houve fuga de capital. Apesar da cobrança da CPMF, os investimentos foram atraídos pela alta rentabilidade das Bolsas em janeiro.
No final do ano passado, Franco chegou a defender que o capital estrangeiro direcionado às Bolsas fosse isento da CPMF.
Transações correntes
Em janeiro, as transações correntes, o principal indicador das contas externas do país, voltaram a registrar resultado negativo. A saída de recursos superou o ingresso em US$ 1,907 bilhão.
Além da balança comercial (exportações menos importações), as transações correntes incluem a balança de serviços (juros, lucros, fretes etc.) e as transferências unilaterais (dinheiro remetido ao Brasil por residentes no exterior e vice-versa).

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