São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 1997
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Sarney é comparado a Guimarães Rosa

BETINA BERNARDES
DE PARIS

O senador José Sarney (PMDB-AP) está sendo comparado em Paris aos escritores Jorge Amado e Guimarães Rosa, graças ao lançamento da versão francesa de seu livro "O Dono do Mar".
Ontem, durante a cerimônia de apresentação do romance organizada na universidade Sorbonne, a convite da reitora Michele Gendreau, Sarney se mostrou entusiasmado com o sucesso.
"No Brasil, quando o livro é de político, eles não julgam o valor literário. Aqui estamos livres da patrulha", disse o ex-presidente da República.
A editora do livro, a Hachette, uma das maiores da França, dedicou a Sarney e seu romance um tratamento luxuoso.
"Para nós, é um duplo prazer essa publicação. É um romance magnífico, vibrante, da linhagem das obras de Jorge Amado, que publicamos no momento em que pretendemos recriar uma coleção, Hachette Litterature", disse Louis Audibert, diretor da editora.
Jorge Amado faz o prefácio de "Capitaine de la Mer Océane", nome do livro em francês.
Lévi-Strauss
O romance também traz, na contracapa, um comentário do antropólogo Claude Lévi-Strauss.
"Sob a pena de José Sarney, reencontrei o sabor, a linguagem metafórica e sobretudo a qualidade profundamente humana da população brasileira", afirma Lévi-Strauss.
A comparação com o escritor Guimarães Rosa foi feita por Jean Orecchioni, prestigiado tradutor francês.
"É o mais belo romance que tive oportunidade de ler. É um texto difícil, foi um desafio penetrar nessa atmosfera, um mundo que é estranho, mas que se torna rapidamente familiar", afirmou.
"Sarney é um pouco Guimarães Rosa, há uma recriação de linguagem, os dois são mágicos", disse Orecchioni, que chegou a ir ao Brasil para pesquisar a linguagem.
Mar
O mar é o principal personagem no romance de Sarney. O livro conta a história de um pescador do golfo maranhense que tem uma forte aliança com o mar.
Na busca pela sua noiva, roubada por monstros marinhos, ele descobre todo o lado fantástico e fantasmagórico do oceano, desvendando segredos ligados às grandes navegações e descobertas, num clima de lenda e realidade.
Há, inclusive, ligações com a França no romance. "Há lendas do mar que são comuns aos dois países, desde o século 16. Maranhão teve uma grande influência francesa", disse Sarney.
Hoje, a academia francesa de letras está oferecendo um jantar ao escritor. Amanhã, Sarney segue para Bruxelas (Bélgica) e na quinta-feira vai para Genebra (Suíça), para o lançamento do livro.

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