São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Índios fazem homenagem a Darcy

RAQUEL ULHÔA
WILLIAM FRANÇA

RAQUEL ULHÔA; WILLIAM FRANÇA; WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Chefes dos três Poderes vão ao velório; Sambódromo terá nome do senador

Índios terenas e xavantes homenagearam o senador e antropólogo Darcy Ribeiro no velório realizado ontem durante o dia no Salão Negro do Congresso, em Brasília.
Um grupo de homens, mulheres e crianças indígenas colocou sobre o caixão, na altura do peito de Darcy, um vaso em miniatura, feito pelas mulheres kadiwéus, que simboliza fartura na vida que começa após a morte (do corpo).
"É para que nada falte a ele na outra vida", disse Marcos Terena, piloto da Funai e responsável pela articulação dos direitos indígenas brasileiros junto à ONU.
O corpo de Darcy chegou ao Congresso à 1h15 de ontem. Já estava embalsamado e vestido com o fardão da Academia Brasileira de Letras. Foi velado no Salão Negro até as 15h, quando foi transportado em um carro do Corpo de Bombeiro para a Base Aérea de Brasília e seguiu para o Rio de Janeiro. O enterro será hoje, às 16h30, no cemitério São João Batista.
Na chegada do cortejo ao Congresso, cerca de cem pessoas aguardavam o corpo de Darcy. Na primeira fila, estavam os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Eduardo Suplicy (PT-SP), Beni Veras (PSDB-CE), Ramez Tebet (PMDB-MS) e Carlos Patrocínio (PFL-TO).
O corpo ficou sozinho durante 50 minutos, guardado apenas por quatro cadetes da Polícia Militar do Distrito Federal, durante parte da madrugada. Das 2h45 às 3h35, ninguém velou o senador.
Durante o dia, a última namorada, Irene Ferraz, 38, não deixou o Salão Negro. O único irmão de Darcy, o médico Mário Ribeiro, 72, afirmou que Darcy terminou seu livro de memórias, que vai se chamar "Confissões".
Quando o carro saiu, levando o caixão, centenas de pessoas -parlamentares, amigos, funcionários do Senado e outros admiradores do senador- aplaudiram. O presidente Fernando Henrique Cardoso acompanhou a despedida.
A cúpula dos três Poderes esteve presente no velório. Além de FHC, também foram ao velório o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence, do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). Centenas de parlamentares fizeram romaria em torno do caixão de Darcy.
Sambódromo
Em cumprimento de determinação do prefeito Luiz Paulo Conde (PFL), o prefeito interino do Rio, Eider Dantas, assinou ontem decreto batizando a Passarela do Samba da avenida Marquês de Sapucaí com o nome de seu idealizador, o senador Darcy Ribeiro.
A ordem de Conde foi passada ontem de manhã, por telefone, de Washington, para onde o prefeito carioca viajara na segunda-feira. Conde deve inaugurar a placa com o novo nome logo depois que voltar da viagem. A Passarela do Samba foi inaugurada em 1984, quando Darcy era vice-governador do Rio.

Colaborou Wilson Tosta, da Sucursal do Rio

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