São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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BC mantém arbitrariedade sobre banda

CELSO PINTO
DO CONSELHO EDITORIAL

O Banco Central anunciou ontem a nova banda cambial que segue os mesmos princípios da anterior. Ou seja, o BC preservou um razoável grau de arbitrariedade.
Entre o piso e o teto da banda de flutuação anterior, a diferença chegava a 9,27%. A diferença da nova banda é de 8,6%, se considerado o piso fixado de R$ 1,05 por dólar, ou 7,5% se a variação começar a partir do teto da banda anterior, que era de R$ 1,06 por dólar.
A faixa de flutuação, portanto, é menor do que a anterior, mas como a inflação também é menor hoje, o que se fez foi apenas um pequeno ajuste para uma nova inflação. Se seguir o ritmo de desvalorização dos últimos meses, a nova banda durará, no mínimo, até março do próximo ano.
Só que não há nenhum compromisso formal do BC de que o ritmo se manterá idêntico. Esse é um ponto que nem todos consideram. O único compromisso formal do BC em relação à política cambial é que o câmbio flutuará dentro de um piso e um teto e que ele intervirá no mercado quando a cotação se aproximar de um dos dois extremos.
Ao mesmo tempo, o BC vem praticando a chamada política de minibanda, que são minúsculos intervalos de flutuação dentro da banda maior. Essa política vem sendo seguida sistematicamente e o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Gustavo Franco, garantiu que ela prosseguirá.
Direito reservado
O BC, contudo, se reserva o direito de definir como quiser a intensidade e o ritmo das desvalorizações, dentro da minibanda. No limite, se quiser acelerar a desvalorização dentro da banda maior, ninguém poderá reclamar que o BC está mudando sua política.
Desde dezembro, quando o mercado projetava o fim da banda larga em março, começaram especulações sobre se o sistema seria mantido. Chegou ao BC uma idéia de fazer uma banda mais larga e eliminar o sistema de minibandas.
O BC rejeitou a idéia porque, como lembrou Franco, isso aumentaria muito a volatilidade do câmbio, o que seria bom para o mercado financeiro, que ganha com as oscilações, mas não para exportadores e importadores, que gostam de previsibilidade.
O BC rejeita também o extremo oposto: fazer uma regra de indexação do câmbio, o que engessaria a política cambial. No fundo, o BC preservou uma certa estabilidade de regras, que ajuda a previsibilidade, mas com um razoável grau de liberdade embutido.

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