São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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Juiz rejeita acusação contra Zé Celso

DANIELA ROCHA
ENVIADA ESPECIAL A ARARAQUARA

A acusação contra o diretor Zé Celso Martinez Corrêa e seu grupo Uzyna Uzona foi rejeitada ontem, no Fórum de Araraquara.
Em pouco mais de uma hora de audiência, que começou às 13h30, o juiz José Maurício Garcia Filho ouviu o advogado de defesa, Fernando Castelo Branco, e decidiu pelo não-recebimento da denúncia que daria início ao processo contra o grupo.
Ontem mesmo, o 7º promotor de Justiça de Araraquara, Nelson Barbosa Filho, recorreu à decisão do juiz (leia texto abaixo).
"Esse juiz que rejeitou a denúncia abre nosso caminho para o interior, onde vamos mostrar peças que causarão mais escândalo para as pessoas que estão presas a uma visão única do mundo", afirmou Zé Celso após a audiência.
Ele e os atores Marcelo Drummond, Celso Sim, Alleyona Cavali, Denise Assunção, Cibele Forjaz e Pascoal da Conceição foram acusados de vilipendiar (ofender) a eucaristia e ritos religiosos em cena da peça "Mistérios Gozosos", apresentada em Araraquara em junho de 1995.
Durante a audiência, formou-se uma situação singular no Fórum. Em bancos de um mesmo corredor aguardavam juntas as testemunhas de acusação -inclusive o padre Oswaldo Baldan, que solicitou enquadramento do grupo no artigo 208 do Código Penal- e artistas que vieram prestar solidariedade a Zé Celso e seu grupo.
Bananas
Ao ser anunciada a decisão do juiz, Zé Celso e os atores deixaram o Fórum cantando e dançando. A saída virou acontecimento. Mais de 50 pessoas se aglomeraram em frente ao prédio para assistir à comemoração do grupo.
Os atores do Uzyna Uzona, que haviam levado bananas para o Fórum, mas foram impedidos por policiais de entrar no salão para audiência com as frutas, saíram cantando "Yes, Nós Temos Banana" e as descascando.
"Faço uma proposta à cidade de abrir espaço para que eu mostre a peça 'Pra Dar um Fim no Juízo de Deus' ", disse Zé Celso. "Tenho neste momento o elenco todo aqui, mas não existe espaço, patrocínio e vontade que eu mostre peças minhas. Esta é a terra onde nasci. É o lugar onde meus trabalhos têm que ser mostrados."
"Essa vitória deve ser transformada em materialização de sonhos dos artistas. Existe uma censura enorme de quem está no poder. Esse poder, que é ínfimo, deve ser passado também para quem está fora dele", afirmou.

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