São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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COBRANÇA NO ESCURO

Os aumentos que se seguiram à liberação das tarifas bancárias, no ano passado, motivaram inúmeras reclamações. Houve mesmo um movimento de protesto encaminhado às autoridades por meio dos Procons.
A tese defendida então pelo governo federal era a de que o ultrapassado controle de preços pelo Estado estava sendo substituído, com vantagens, pela pressão da concorrência. Não tem sido aplicado, entretanto, um dos pressupostos necessários ao bom funcionamento do mercado: o pleno acesso a informações.
As instituições financeiras do país estão obrigadas a manter em suas agências uma tabela que contenha a lista de tarifas referentes a cada um dos serviços prestados. Mas essa informação essencial poucas vezes encontra-se em lugar de destaque para a observação do cliente. E não é raro que esteja localizada em ponto de difícil consulta. A exemplo do que ocorre, por determinação do governo, com os postos de abastecimento de combustível, seria extremamente desejável que todos os bancos tivessem de divulgar amplamente as tarifas que estão sendo adotadas.
A atual deficiência de informação contribui para que algumas instituições financeiras cheguem a cobrar pela compensação de cheques ou a debitar seus clientes por "renovação de cadastro", mesmo que não tenha ocorrido alteração alguma nos dados pessoais do correntista.
Trocar de banco nunca foi uma operação simples ou que se fizesse com frequência. Podem mesmo ser bastante reduzidas as possibilidades de um assalariado de renda baixa ou média manter conta distinta daquela na qual recebe seus vencimentos. Se, ademais, o correntista não tiver prévio conhecimento das tarifas que lhe serão imputadas, nem dos custos desses mesmos serviços em outras instituições, a relação entre cliente e banco será ainda mais desigual.

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