São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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DESCOBRIDOR DO BRASIL

Darcy Ribeiro pertenceu a uma geração que dedicou a vida pública e intelectual a conferir contornos mais definidos a uma nação ainda jovem, sem grande tradição, mas de uma significativa originalidade que ele próprio soube perceber.
Dedicou-se como poucos a um projeto de nação que considerava prioritário, exercendo para isso diversas atividades -antropólogo, escritor, educador e político. O Brasil que imaginava, algo fabuloso ou até ingênuo, não era o país marcado pelas inúmeras injustiças, que sempre tentou combater, nem o país do desânimo e do pessimismo, que insistentemente tentou afastar.
O Brasil de Darcy Ribeiro era esperançoso e inventivo. O senador demonstrava convicção de que nesse país amalgamava-se uma nova civilização, mestiça e tropical, jamais conhecida pela humanidade em sua plenitude. Em seu recente "O Povo Brasileiro", que escreveu após fugir de hospital em que se encontrava internado, retratava o Brasil como uma grande nação neolatina, cuja vocação seria herdar, na América, a "romanidade" -"uma romanidade tardia, mas melhor, porque lavada em sangue índio e sangue negro".
O senador Darcy Ribeiro buscou esse Brasil não apenas no conhecimento acadêmico, no seu esforço teórico. Saiu a campo, conhecendo e inventariando culturas indígenas. Mergulhou na carreira política para defender a sua visão de dever público: governar, para o senador, era, antes de tudo, abrir escolas.
Ministro da Educação, construtor de Cieps, foi homem voltado para o debate, para o esclarecimento. Nas palavras do professor Antonio Candido, "um dos maiores intelectuais que o Brasil já teve", Darcy Ribeiro imprimiu seu nome no país onde nasceu e que ajudou a descobrir.

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