São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 1997
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O PPB volta ao ninho

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Como já era esperado, o PPB parece que vai capitular de uma vez e retornará, agora oficialmente, ao ninho do governo.
Uma amistosa reunião-almoço ontem entre o líder do PPB na Câmara, Odelmo Leão, com os governistas Benito Gama (PFL-BA) e Luiz Carlos Santos, ministro dos Assuntos Políticos, aparou as arestas deixadas pelo episódio da reeleição.
Em São Paulo, em seu escritório recém-inaugurado, Paulo Maluf nada sabia do encontro de Brasília. Seria informado depois por Delfim Netto.
Odelmo prometeu liberar o que restou de deputados do PPB na votação do segundo turno da emenda da reeleição. Também garantiu que o PPB não será empecilho para a aprovação de outras emendas constitucionais de interesse do governo.
Em troca, o líder do PPB poderá receber de prêmio uma permanência mais longa no atual posto. Essa é a parte mais difícil do trato.
De toda forma, o encontro de ontem entre o PPB e o governo é prova de que FHC está avançando firme sobre as instituições políticas.
O ano de 98 abrigará uma unanimidade perigosa para a democracia. O país está sem oposição.
É importante registrar, entretanto, não só os tentáculos insaciáveis do governo. Mais relevante, talvez, seja o estado de abulia crônico das oposições, que nada dizem e nada fazem. Não fosse o MST, o Brasil poderia ser confundido com o Primeiro Mundo.
*
Na mesma linha de cooptação do PPB, o governo festejou ontem as mudanças ocorridas numa legenda menor, o PTB.
Para felicidade do Planalto, foi destituído do seu posto o líder petebista na Câmara, Vicente Cascione (SP). No lugar, tomou posse o governista Paulo Heslander (MG).
Heslander, com trânsito fácil dentro do governo, notadamente na área das comunicações, diz que vai "pacificar o PTB e limpar a pecha de fisiológico que grudou no partido".
Pode ser, mas não vai ser fácil.

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