São Paulo, sexta-feira, 21 de fevereiro de 1997 |
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Após se entregar, diplomata é acusado
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
A prisão de Makharadze só foi possível após o governo da Geórgia (ex-URSS) ter levantado sua imunidade diplomática. Se for condenado, ele pode receber pena de até 70 anos de prisão. O presidente da Geórgia, Eduard Chevardnadze, disse que, caso isso aconteça, pedirá para que Makharadze cumpra a pena em seu país. Segundo a polícia de Washington, Makharadze, 35, dirigia a 129 km por hora na noite de 3 de janeiro na avenida Connecticutt, centro da cidade, onde a velocidade máxima permitida é de 64 km por hora, quando seu carro bateu em quatro outros que estavam parados num sinal fechado. Num deles, estava Waltrick, que morreu horas depois, dos ferimentos sofridos. A promotoria também acusa Makharadze de estar alcoolizado quando o acidente aconteceu, embora nenhum teste tenha sido feito na ocasião porque o diplomata invocou sua imunidade. Acordos internacionais garantem a diplomatas o direito de não serem processados nos países em que servem para evitar perseguições políticas. Joviane Waltrick, sua mãe, o padrasto e dois irmãos menores haviam emigrado de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, para Kensington, na região metropolitana de Washington, em julho de 1996. Ela estava com o namorado, também brasileiro, quando o acidente aconteceu. A mãe de Joviane, Viviane, tem feito campanha pública pelo julgamento de Makharadze desde o acidente. Todos os dias, ela, com familiares e amigos, vai ao local em que a filha se acidentou e distribui panfletos em que pede justiça. O governo da Geórgia, uma das ex-repúblicas soviéticas, depende do apoio financeiro e político dos EUA para sobreviver. O Departamento de Estado solicitou formalmente ao presidente Chevardnadze (que foi ministro das Relações Exteriores da União Soviética no governo de Mikhail Gorbatchov) para que a imunidade de Makharadze fosse suspensa no caso. Chevardnadze tem sido muito criticado em seu país por ter atendido à solicitação dos EUA. Makharadze é figura pública conhecida na Geórgia e considerado o seu principal diplomata em ascensão. Diversos jornais georgianos o classificaram de vítima e dizem que ele foi "vendido" pelo presidente. A mãe de Joviane considerou o indiciamento de Makharadze uma vitória parcial e disse que vai continuar lutando pela sua condenação. O promotor do caso, Eric Holder, disse que Makharadze foi a um hospital horas após o acidente se tratar dos ferimentos leves que sofreu e se submeteu a teste voluntário de dosagem alcoólica, que se revelou "muito superior" ao permitido pela lei para motoristas. Ele já havia sido multado nos EUA e na Geórgia por excesso de velocidade. Makharadze, que diz "não poder expressar" sua tristeza pelo acidente, aguardará pelo julgamento em liberdade. Texto Anterior: Coréia do Norte muda premiê Próximo Texto: Assassino de King pode ter novo julgamento Índice |
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