São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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Relator diz que secretários são coniventes

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da CPI dos Precatórios, disse que secretários de Finanças de Estados e municípios foram "coniventes" com as operações irregulares com títulos públicos.
"Se não são ingênuos ou imbecis para acreditarem na legalidade das operações, eles são no mínimo coniventes", disse Requião ao desembarcar ontem às 9h30 em São Paulo.
O senador afirmou que o prejuízo para os cofres públicos estaduais e municipais pode chegar a US$ 6 bilhões. Ele calcula que cerca de US$ 600 milhões foram para os bolsos da "quadrilha organizada de corruptos."
Durante sua passagem por São Paulo, o relator reuniu-se, na sede paulistana do Banco Central, com o presidente Gustavo Loyola e técnicos da instituição.
Após a reunião, encerrada às 13h, Requião disse que a CPI e o BC estão estabelecendo um programa de trabalho para rastrear para que bolsos foram os lucros da "cadeia da alegria das corretoras", obtidos com as comissões e as vantagens auferidas com os deságios enormes dados por governos estaduais.
"O primeiro passo já foi dado com a liquidação das corretoras e bancos envolvidos com a patifaria dos títulos. Agora temos que ir atrás dos ladrões. Estamos atrás dessas pessoas."
Antes de embarcar no fim da tarde para Curitiba (PR), Requião recebeu uma "visita de cortesia" do delegado Mário Nakasa, da Polícia Federal, durante almoço em um restaurante nos Jardins.
"Know-how da safadeza"
O senador Requião disse que o coordenador da Dívida Pública do município de São Paulo, Wagner Batista Ramos, é o "assessor técnico dos bandidos. É o detentor do know-how da safadeza".
O senador Requião procurou
se afastar, pelo menos por enquanto, de críticas diretas à gestão do atual prefeito Celso Pitta à frente da secretaria de Finanças de São Paulo, durante a administração Paulo Maluf de 1993 a 1996.
Para o senador, há "um direcionamento da opinião pública" em cima da Prefeitura de São Paulo.
"Se existirem irregularidades na gestão Pitta, elas não serão diferentes das outras e vão ser analisadas em conjunto com as outras."
"No momento em que eu estiver convencido de que Pitta tem responsabilidade, o incluirei no relatório e o responsabilizarei com dureza, sem complacência, mas me recuso a participar da homologação de opiniões que não sejam as minhas, verificadas e comprovadas na CPI", disse.

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