São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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Chacina comum

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem a CNN em espanhol deu atenção. Nem mesmo os programas de exploração do crime, como Brasil Verdade e Aqui Agora.
O primeiro tinha imagens "terríveis", descrição própria, do instante em que uma mãe-de-santo é assassinada com tiro na cabeça. Imagem velha, mas pelo jeito de maior novidade do que os menores executados pelas costas, no Rio, por fazer muita bagunça no ônibus.
Sobre o Aqui Agora, ele se basta a si mesmo com as cenas de "cops", as prisões policiais que compra em Miami.
Nos telejornais ditos sérios ou na CBN, mesma coisa. Nem primeira manchete, nem segunda; lá pelo final, muitas vezes a última.
No "plantão" da Globo, mesma coisa -os meninos perderam de longe para o mais recente "escândalo dos títulos públicos".
Os menores, ao que parece, já receberam seus 15 minutos de interesse, aqueles mesmos da Candelária. Que morram de costas, com tiros na cabeça, mãos nas calças. Deixaram de ser notícia.
Nem na CNN em espanhol.
*
Boris Casoy reagiu contra a própria insensibilização do TJ, que deu a chacina como quarta manchete -depois de "Planalto quer evitar que CPI atrapalhe reformas".
- Estas chacinas estão se tornando comuns... Daqui a pouco ninguém nem noticia... E nós não podemos perder a capacidade de nos indignar...
*
Zagallo surgiu às pressas na TVE, a rede federal baseada no Rio, dizendo:
- ... a Nike é uma grande empresa, que está entrando no lugar da Umbro, mas não é a treinadora...
Sobre Ricardo Teixeira:
- ... jamais o presidente chegou e falou para botar A, B, C ou D. Jamais...
Caso contrário:
- ... eu seria o primeiro a sair...

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