São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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Esquerda não vê alternativa para sua crise

Debates duram dois dias em Vitória

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA

Depois de dois dias de debates, fracassou a tentativa da esquerda de encontrar soluções política para a crise que vive desde o início do plano de estabilização econômica e do governo Fernando Henrique.
Na prática, a única decisão do encontro em Vitória foi a aprovação de um documento, chamado "Carta do Espírito Santo", criando um "fórum permanente de debates" para se reunir periodicamente em todas as regiões do país.
Organizado pelo governador Vitor Buaiz (PT-ES), o encontro recebeu o nome de "Globalização, Reforma do Estado e Cidadania". Estiveram presentes políticos do PT, PSB, PDT, PC do B e PPS.
O ex-governador cearense e ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PSDB) também compareceu. Ressalvou não representar seu partido e fez críticas ao que chamou de "império" de FHC -que classificou de "prepotente".
"O Fernando Henrique é o dono da verdade e a oposição não consegue dizer nada que preste", afirmou. "Só há ressentimentos (na oposição). Eu estou noutra". Por criticar FHC, o ex-ministro diz ser vítima de ataques do governo.
"Eles chamam os críticos de dinossauro. Comigo, dizem até que eu tenho uma amante. Só não me chamam de ladrão", afirmou.
O tom das críticas do ex-ministro se repetiu em outros momentos dos debates em Vitória. Em alguns momentos, parecia que a esquerda aproveitara o encontro para "lavar a roupa suja". O alvo na maior parte das vezes foi o PT.
O senador Roberto Freire (PPS-PE), por exemplo, disse que o PT tem dificuldades de escolher seus aliados.
Os petistas evitaram polemizar com Freire. Houve um rápido bate-boca entre o senador e o economista Paulo Nogueira Batista Júnior, ligado ao PT.
Lula e o presidente do partido, José Dirceu, participaram apenas do primeiro dia dos debates.
O governador Cristóvam Buarque (PT-DF) lamentou o cerco que sofre dos sindicatos.
Segundo Buarque, os sindicatos chegaram a pedir seu impeachment apenas porque ele limitou o salário do funcionalismo a R$ 6.000,00. "Também descobrimos que havia professores sobrando e mandamos eles dar aulas. O sindicato entrou em pé de guerra."

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