São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997 |
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Promotor denuncia 155 por massacre
ABNOR GONDIM
Caso sejam condenados, a pena dos PMs pode atingir de 12 a 30 anos de prisão. Nascimento, designado para cuidar exclusivamente do caso, acha que o julgamento ocorrerá em dois anos. Segundo a denúncia, os PMs começaram "uma caçada sanguinária" depois de terem sofrido reação até com tiros de revólveres dos sem-terra que obstruíam a rodovia PA-150, onde ocorreu o massacre. "As duas tropas retornaram, e aí ocorreu uma verdadeira carnificina", afirma o promotor. Segundo ele, quatro dos 19 sem-terra mortos receberam golpes de facões, de acordo com laudo médico. "Essas armas não são da PM e devem ter sido tomadas dos próprios sem-terra, que foram perseguidos e mortos", diz o promotor. Segundo Nascimento, há casos que indicam execução sumária, como a do líder dos sem-terra Oziel Lima, que teria sido morto com dois tiros na cabeça. "Cerca de 20 pessoas viram quando ele foi preso e algemado vivo", afirma. Transferência O presidente do Tribunal de Justiça do Pará, Romão Amoedo, também designou o juiz de Curionópolis, Laércio Laredo, como juiz exclusivo do caso. A designação de promotor e juiz exclusivos foi pedido pelo ministro Nelson Jobim (Justiça). Afastamento O juiz-auditor militar do Pará Flávio Roberto Soares de Oliveira, que acompanhava o processo do massacre dos sem-terra de Eldorado do Carajás, pediu ontem afastamento do caso por discordar da condução do processo. "Não quero, no final, que a minha assinatura subscreva a sentença", afirmou o juiz. O principal "defeito" do processo seria a falta de uma denúncia específica para cada policial, o que favoreceria a tese de autoria incerta de crime. Oliveira também discordou da divisão do processo. O TJ-PA enviou para a Justiça as denúncias de homicídio doloso (intencional) contra os policiais e manteve na Auditoria Militar as denúncias de lesão corporal e abuso de autoridade. O juiz entende que não houve lesão corporal, mas tentativa de homicídio. Um novo juiz será designado pelo tribunal. Colaborou Agência Folha, em Belém Texto Anterior: Esquerda não vê alternativa para sua crise Próximo Texto: Fazendeiros recriam UDR no sul do Pará Índice |
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