São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997
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Empresa se diz vítima de "violência inominável"

DA SUCURSAL DO RIO; FREE-LANCE PARA A FOLHA

A direção do banco e da corretora Vetor divulgou nota, por intermédio da sua assessoria de imprensa, dizendo que as duas empresas foram "vítimas de uma violência inominável".
A nota afirma também que "o Banco Central se antecipou à conclusão de uma CPI que ainda não encerrou seus trabalhos". Diz ainda que "condenaram sem ouvir os acusados, causando dano irreparável a uma instituição sólida e aos seus mais de cem funcionários".
A equipe de liquidantes do BC chegou às sedes do banco e da corretora Vetor, localizadas no centro do Rio em frente à Bolsa de Valores, por volta das 10h.
A direção das empresas determinou à portaria do prédio que impedisse o acesso de jornalistas e visitantes aos andares onde elas estão localizadas.
A assessoria de imprensa informou que os donos do grupo Vetor, Fábio Nahum e Ronaldo Ganon, passaram a maior parte do dia em reunião com os liquidantes.
Os 102 empregados das empresas foram dispensados do trabalho tão logo a liquidação foi decretada, mas muitos permaneceram no local até o final do dia.
Na sede da Maxi-Divisa, também no centro do Rio, um aviso colado na porta envidraçada anunciava que o BC decidira liquidar a instituição pela prática de "graves irregularidades na intermediação de compra e venda de títulos públicos". O fax com a ordem de liquidação foi passado às 8h54.
Muitos empregados que deixavam a sede da empresa tinham suas bolsas revistadas pelo guarda colocado à porta pelo BC. O liquidante do Maxi-Divisa, José Costa do Monte, disse que estava apenas iniciando o trabalho e que as informações seriam prestadas diretamente pelo BC.
Na Arjel DTVM (Distribuidora de Título e Valores Mobiliários), a liquidação também era anunciada por um papel colado à porta.
O liquidante Marcos José Telles de Miranda também não quis dar declarações. A Arjel é a antiga Paper DTVM, que participou em 1994 de operação com títulos do Tesouro Municipal de São Paulo.
A Contrato, pivô da mesma operação, está com sua sede em processo de desmonte desde o final do ano passado e já não funcionava.
Em São Paulo, a distribuidora de títulos e o banco Vitória foram lacrados ontem pelo BC. Os inspetores chegaram de manhã e passaram o dia inteiro confiscando documentos contábeis, talões de cheques e livros fiscais.
A fechadura das empresas foram trocadas e os donos não poderão entrar até o fim do inquérito administrativo do Banco Central.
Os proprietários da Vitória Richard Andrew Wan Otte, Raul Henrique Srour e Olga Pagura não quiseram falar à imprensa.
Os funcionários do BC ainda estiveram nas corretoras Split, Olímpia, Tibagi e Negocial para comunicar a liquidação das empresas.
Na Negocial, o liquidante Wilson Januário Ieno se reuniu com diretores da corretora, que não quiseram se identificar.

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