São Paulo, sábado, 22 de fevereiro de 1997 |
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Que não se punam os aposentados
PAULO PEREIRA DA SILVA O recente debate sobre a regionalização do salário mínimo deve ser encarado sem as costumeiras hipocrisias.Em primeiro lugar, somente na teoria existe um salário mínimo unificado no país. Na prática, fora dos grandes centros, a maioria dos trabalhadores nunca viu a cor do salário mínimo oficial e nunca verá. Essa desmoralização acontece por muitos fatores, que vão desde a inércia da própria representação dos trabalhadores locais, passando pelo custo de vida regional, até a falta de uma fiscalização competente do Estado. O que não se pode, nesse debate, é sacrificar os benefícios dos aposentados. Todos os governos passados sempre atrelaram o arrocho do salário mínimo às contas deficitárias das prefeituras interioranas e, por tabela, sempre negaram aos aposentados aumentos maiores em seus vencimentos. Ora, se o governo pretende fazer uma política de diferenciação do mínimo, deve, por obrigação, definir uma política de recuperação dos benefícios dos aposentados. Na verdade, não permitiremos que os aposentados sejam discriminados e punidos por uma regionalização que traga arrocho a seus vencimentos. O debate é saudável para que se defina, sim, uma política mais realista para o salário mínimo. Dizer que a regionalização do mínimo causará o êxodo de trabalhadores para os grandes centros é, no mínimo, uma bobagem sem tamanho. O trabalhador, quando sai da sua cidade, vai em busca de emprego, não de R$ 20 ou R$ 30 a mais. Esse debate é tão amplo que envolve até uma reflexão sobre a emancipação de muitos municípios, que não têm a menor condição de existência. Enfim, até chegar a esse debate, o governo necessita promover de verdade as tão faladas reformas estruturais. Aí, sim, estaremos prontos para debater esses temas com maior profundidade, sem que haja prejuízo para os trabalhadores. Texto Anterior: O Paraguai não é aqui Próximo Texto: Pelo fortalecimento do salário mínimo Índice |
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