São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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SC aposta em filão do amadorismo

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um zagueiro campeão mundial na Copa dos EUA e o único clube do Campeonato Brasileiro sem dívidas com a Previdência transformaram Santa Catarina no segundo principal investidor em futebol amador do ano passado.
Segundo registros da Confederação Brasileira de Futebol, 57 atletas dos juniores e juvenis foram transferidos para clubes catarinenses, número inferior apenas ao dos que foram para São Paulo.
O Criciúma e a Organização Márcio Santos têm métodos diferentes, mas objetivos comuns: lucrar com a formação de jogadores.
O Criciúma, principal clube do Estado nesta década, importou 22 jogadores no ano passado, distribuídos entre as categorias juvenil (até 17 anos) e júnior (até 19). Todos são do próprio clube.
"O objetivo aqui não é ganhar campeonatos de juniores, mas formar jogadores para o time principal e economizar em contratações", diz Doscil Amboni, Supervisor-geral das categorias amadoras do Criciúma.
Já a empresa de Márcio Santos, hoje no Atlético-MG, trabalha com o olho na contabilidade: recebe indicação de jovens promessas, empresta-os a clubes e reparte com eles os lucros de uma eventual venda.
O Criciúma investe R$ 40 mil por mês no Departamento amador, cerca de a metade do que o São Paulo, por exemplo.
"A gente não investe propriamente nada. Com o nome do Márcio, conseguimos patrocinadores", afirma Luiz Santos sócio e irmão do jogador.
No ano passado, a organização -que inclui um shopping em Balneário Camboriú- colocou 14 jogadores no Blumenau e sete no Brusque, com o qual atuou em regime de co-gestão.
Desses jogadores, a maioria já não está mais no Estado -5 vão disputar o Campeonato Mineiro, 3 devem ser inscritos no Campeonato Paulista e 5 foram para outros Estados por conta própria.
O Criciúma, ao contrário, procura manter seus jogadores.
"Eles podem fazer isso porque estão na Série A do Brasileiro. Os demais clubes do Estado têm muito menos dinheiro", diz José Dailton Barbieri, novo presidente do Blumenau.
Pobreza
Se Santa Catarina importa muitos jogadores, o relatório da CBF mostra que regiões quase inteiras funcionam sem estruturas de olheiros.
Todos os clubes da região Norte, exceto do Pará, importaram em conjunto dois jogadores durante um ano. Em 1995, dez Estados não contraram ninguém de fora.
(MD)

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