São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Governo tenta não repetir erros e diz que vai treinar professor

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo vai gastar R$ 480 milhões até março de 1998 na compra de 100 mil computadores para serem distribuídos às escolas públicas até o fim do ano que vem. O uso dos computadores em sala de aula divide a opinião de pedagogos no Brasil e exterior.
Os opositores do projeto argumentam que o uso da informática ainda não demonstrou trazer nenhum benefício concreto ao aprendizado dos alunos.
O Ministério da Educação alterou diversas vezes o projeto original para driblar erros que haviam sido cometidos pelos países pioneiros na informatização da educação.
É o caso da França, que comprou 300 mil computadores e os enviou para as escolas públicas antes de treinar os professores.
Como o programa não era adequado, menos de 12 meses depois da distribuição, a maioria deles estava empilhada em bibliotecas.
O MEC está apostando firme no treinamento dos professores. Segundo Pedro Paulo Poppovic, secretário de Educação à Distância, 46% dos R$ 480 milhões serão destinados à capacitação de pessoal. O restante (54%) será consumido com a compra de equipamentos.
"Não vamos repetir o erro do TV Escola, quando distribuímos a verba para compra dos kits tecnológicos (TV, videocassete e antena parabólica) antes de preparar os professores e sem saber se as escolas tinham onde guardar o material", disse Poppovic.
Pesquisa obtida pela Folha mostra que em 12 das 27 unidades da federação menos de 50% das escolas que receberam verba para comprar o kit usam o TV Escola (leia texto ao lado).
Compra internacional
Os primeiros 24 mil computadores deverão chegar às escolas até dezembro deste ano. A compra será feita por licitação internacional e terá acompanhamento do Bird (Banco Mundial). O edital será lançado em 10 de abril e o treinamento de professores deve começar em outubro.
Só as escolas públicas de 5ª a 8ª séries ou de 2º grau que têm mais de 150 alunos receberão computadores. A expectativa do MEC é que 6.000 das 48 mil escolas públicas sejam beneficiadas no biênio 97/98.
Os Estados terão de arcar com o pagamento de um técnico por escola, que orientará o trabalho dos professores.
Também ficarão responsáveis pelos custos das reformas necessárias para abrigar os computadores. Entre elas, salas com ar-condicionado (nos Estados do Norte e Nordeste) e com segurança adequada para evitar furtos e atos de vandalismo.
Segundo Poppovic, só depois de os Estados cumprirem essas exigências e de os professores terem sido treinados é que os computadores serão distribuídos.
Distribuição
A decisão de quantos computadores irá para cada Estado foi tomada pelo Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação) e MEC. O parâmetro escolhido foi uma média do número de alunos e de escolas que cada Estado tinha.
São Paulo receberá maior número de computadores: 21,2 mil. Em seguida, vêm Minas (11,9 mil) e Bahia (8.000).

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