São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Estudo aponta baixa audiência e mau uso de kits da TV Escola

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pesquisa realizada pelo Consed (Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação) entre setembro e novembro de 96 concluiu que o uso da TV Escola em quase todos os Estados do país ainda deixa muito a desejar.
A audiência da TV Escola ainda alcança índices muito baixos na maioria das escolas pesquisadas, e sua utilização para capacitar professores e como recurso complementar de aprendizado para os alunos ainda é incipiente.
A pesquisa foi encomendada pelo Ministério da Educação e conta com apoio da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
Desde o segundo semestre de 95, o Ministério da Educação enviou R$ 69,8 milhões aos Estados para que fossem comprados os kit tecnológicos necessários à implantação do TV Escola.
Além da TV, o kit inclui um videocassete, antena parabólica e fitas para gravar os programas, que são transmitidos via satélite.
Cada kit custa em média R$ 1.500. A previsão inicial era que 51,5 mil escolas públicas com mais de cem alunos recebessem o kit. Como alguns Estados conseguiram comprar o kit por menos de R$ 1.500, o número de escolas atendidas poderá chegar a 91 mil.
O maior problema apontado pela pesquisa é a deficiência na estrutura das escolas, que não dispunham de salas com segurança suficiente para abrigar as TVs e os vídeos.
Os baixos salários dos professores e a falta de qualificação também foram apontados como causadores do fracasso no uso da TV Escola como recurso pedagógico.
"Realmente, cometemos alguns erros, como presumir que todos os professores sabiam gravar programas em vídeo. Também não esperávamos que os professores fossem resistir tanto ao uso do TV Escola como recurso complementar ao aprendizado", disse Pedro Paulo Poppovic, secretário de Ensino à Distância e responsável pela implementação do programa.
Em 12 das 24 unidades da federação em que foi feita a pesquisa, menos da metade das escolas que receberam o kit tecnológico utilizam a TV escola. Em alguns Estados a instalação das antenas está atrasada e falta local apropriado para colocar os equipamentos em funcionamento.
Em Alagoas, embora todas as escolas tenham recebido o kit, as antenas foram instaladas em 75% delas e 62,5% estão funcionando. Relatório do governo estadual afirma que há "total falta de interesse e de informação dos professores e diretores na utilização pedagógica da TV Escola".
No Pará, 73% das escolas não estão utilizando o kit por motivos técnicos (má qualidade na recepção dos sinais e despreparo no manuseio dos equipamentos) ou falta de segurança. Além disso, 70% dos kits foram instalados em locais inadequados para uso pedagógico.
Na Bahia, Rio de Janeiro e Pará, menos de 20% das escolas em que as TVs e antenas já foram instaladas utilizam o TV Escola.
Relatório da Secretaria de Educação da Bahia afirma que um dos principais obstáculos ao uso da TV Escola é a resistência de parte do corpo técnico-pedagógico em usar os equipamentos por considerarem que se trata de "mais um trabalho".

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