São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Villaventura segue imagem um sonho

ERIKA PALOMINO
DA REDAÇÃO

O paraense (radicado em Fortaleza) Lino Villaventura, 43, protagonizou um dos mais polêmicos desfiles do último MorumbiFashion Brasil ao evocar valores como regionalismo e o caráter usável -ou não- de suas roupas.
O estilista desfile hoje, às 19h, na sala Frevo do MorumbiFashion Brasil, no prédio da Bienal (parque do Ibirapuera, zona sul de SP).
(EP)
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Folha - O que é estilo Lino Villaventura?
Lino Villaventura - Tenho um estilo muito próprio, mas não gosto de ter isso definido e formado, pois a criação fica muito automática. O bom é estar me desafiando em cada roupa que faço, a cada coleção. Não sei definir meu estilo com palavras, só com roupas.
Folha - Quais as suas referências no momento da criação?
Villaventura - Eu guardo uma imagem de um pesadelo que tive aos dez anos de idade. É a imagem de uma mulher dançando na minha frente com um punhal e um olhar completamente transtornado. Dramática, agressiva, mas fascinante, com uma silhueta maravilhosa. Hoje tenho consciência que essa imagem me acompanha. É a imagem, por exemplo, que abre o meu desfile. Vai passando um filme na minha cabeça e eu vou selecionando as imagens. Vou rabiscando, me conscientizando. O desenho das roupas me completa.
Folha - Você se sente incompreendido e/ou mal interpretado?
Villaventura - Nunca penso nisso. Meu trabalho, surpreende pela maneira inusitada como ele se concretiza. Depois do susto, as pessoas assimilam muito bem. Hoje em dia não me preocupo mais em ser diferente, mas em me sentir realizado.
Folha - Descreva uma imagem de mulher da nova coleção?
Villaventura - Quando crio uma coleção inverno é sempre fantasioso. Como nasci e vivo nos trópicos, tenho fascinação pelas coisas invernais. Essas imagens de contos de fadas, cartões de Natal. A imagem mais importante é a de que abre o desfile. Uma mulher com um casaco em forma de abrigo, meio oriental, é uma saia longa. A textura leva um mês para ser feita. São tiras de tecido desfiadas a mão com efeito de pele falsa e sofisticação rústica. O casaco tem forro bordado de tecido metalizado. Por dentro do casaco, uma blusa colada bordada com barbante. Luvas de organza de seda pura, botinas de chamois com bico de pêlo de cabra e uma touca de veludo bem justa na cabeça. É um look absurdo que concretiza minha fantasia de inverno.
Folha - Que moda você vai estar fazendo daqui a cinco anos?
Villaventura - (Rindo) Não sei nem o que vou fazer amanhã. Posso vender côco na praia. Não sei se vou querer envelhecer fazendo moda. Não gosto de planejar nada. Vou continuar até quando meu trabalho me emocionar.

Desfile: Lino Villaventura
Quando: hoje, às 19h
Onde: sala Frevo do andar térreo do prédio da Fundação Bienal, no parque do Ibirapuera (zona sul de São Paulo)

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