São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Apelo a FHC não impede retomada

EUGÊNIO NASCIMENTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ARACAJU

Sydnei Dias Nunes, 54, morador do bairro Coroa do Meio, em Aracaju (SE), recorreu até mesmo ao Planalto e ao Senado para não perder o apartamento em que mora há quatro anos.
Foram quatro cartas enviadas ao presidente FHC que obtiveram resposta, com a remessa do caso para estudo pela Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Central, mas tudo em vão.
O apartamento de três quartos (incluindo o da empregada), com sala, cozinha e banheiro, foi retomado de Nunes extrajudicialmente pela CEF devido a inadimplência. O imóvel já foi revendido em licitação pública.
No final de 92, Nunes financiou o apartamento na CEF e pagou oito meses em dia. Segundo ele, depois a prestação subiu de 25,96% para 50% de sua renda, e, em seguida, perdeu o emprego.
Sem poder pagar as prestações, Nunes teve de enfrentar o processo de retomada do imóvel. Desde as primeiras notificações da CEF, em meados de 94, tentou revender o imóvel, sem sucesso, relata ele, porque a prestação chegara a R$ 657, e a dívida, a R$ 53 mil, em junho de 95.
Ele se aposentou com cerca de R$ 800, mas o processo de retomada estava adiantado, e a prestação, próxima desse valor.
O apartamento acabou sendo arrematado pela própria CEF no segundo leilão, pelo saldo devedor, como é praxe, pois nessa fase não houve interessados. No ano passado, o imóvel foi colocado em licitação pelo preço de mercado, e arrematado por cerca de R$ 27 mil.
Nunes mostra-se revoltado porque o segundo comprador financiou os R$ 27 mil e paga à CEF uma prestação de R$ 268,58. A CEF, em carta, lembra que ele poderia participar da concorrência. Mas, com seu histórico de inadimplência, só poderia ficar com o imóvel pagando à vista.
"Estão atingindo um pobre aposentado de uma forma violenta e eu espero que a justiça seja feita para que eu, minha mulher e meus dois filhos não sejamos colocados no olho da rua", diz ele, lembrando que 20% do valor do imóvel foram pagos com poupança própria. Afirma ainda que gastou o equivalente a US$ 5 mil em reformas.
Nunes não está disposto a entregar o imóvel facilmente: "Agora estou sendo obrigado a recorrer à Justiça, instrumento também usado pelo outro proprietário para me expulsar."

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