São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Governo volta a descartar explosão de consumo

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de registrar aumento de 52,44% de novembro para dezembro, o saldo dos empréstimos à pessoa física caiu 27,78% em janeiro, quando comparado com o mês anterior. Passou de R$ 25,572 bilhões para R$ 18,467 bilhões.
Dados do Banco Central mostram que o volume de crédito para pessoas físicas aumentou sucessivamente entre outubro e dezembro. Foi de R$ 15,506 bilhões em outubro, passou para R$ 16,775 bilhões em novembro e chegou a R$ 25,572 no último mês do ano passado, principalmente por causa das compras de Natal.
Esse aumento no volume de crédito para pessoas físicas garantiu vendas melhores de eletroeletrônicos -um dos setores movidos a crédito. Passada a euforia do final de ano, o volume caiu em janeiro e deve cair este mês.
O volume de crédito bancário para pessoas físicas é apenas mais um indicador que o governo está usando para acompanhar o nível de consumo e de atividade econômica atualmente.
"Não há quadro generalizado de aumento de consumo", afirma o coordenador de Conjuntura Econômica da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Rogério Mori.
O titular da secretaria, José Roberto Mendonça de Barros, é um dos principais defensores, na equipe econômica, da tese de que não será necessário conter a atividade econômica para reduzir as importações e o déficit comercial.
Bens duráveis
Analisando os indicadores da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Mori disse que o que cresceu no ano passado foi a produção de bens duráveis (geladeira e automóvel, por exemplo). A produção subiu 11% quando comparada com 1995.
É nesse segmento, disse ele, que há uma boa oferta de crédito para quem quiser fazer uma compra parcelada. O nível de endividamento das pessoas, porém, tem um limite: é proporcional à quantidade de dinheiro sobrando.
Quando a pessoa se endivida uma vez, sobra menos dinheiro e novos produtos só serão comprados a crédito quando aquele já estiver pago ou em caso de aumento real de salário -situação cada vez mais rara no Brasil pós-Plano Real.
Mori lembra que a inadimplência continua alta e que o aumento de vendas verificado em alguns setores pode indicar apenas um novo patamar. Por isso, não haveria necessidade de o governo adotar medidas para frear a economia.
Os dados da CNI mostram ainda, segundo Mori, que os salários na indústria nacional tiveram uma queda de 1,8% em 1996 quando comparados com 1995. As horas trabalhadas também caíram 4%.
Crescimento do PIB
No governo, a previsão é que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça cerca de 4% neste ano. O PIB mede a soma das riquezas produzidas no país.
Dois pontos, porém ainda preocupam o governo: déficit da balança comercial (saldo entre as exportações e importações) e o déficit público.
No caso da balança comercial, o governo espera que as medidas adotadas no ano passado para incentivar as exportações gerem efeitos depois de março. O resultado deste mês deve ser um déficit de US$ 2 bilhões.

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