São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 1997
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Fazendeiro vê setor abandonado

DO ENVIADO ESPECIAL

Joaquim Pedro Ribeiro, 79, dos quais 62 trabalhando com café, não se arrepende de ter-se dedicado a essa atividade.
Um dos maiores produtores de cafés finos do país, Ribeiro destina 490 hectares de sua fazenda Monte Alto, em Guaxupé, sul de Minas Gerais, à plantação do produto.
A família de Ribeiro trabalha com café desde 1847. Em 1929, parte dos bens foi perdida com a crise mundial.
Naquela época, com o colapso da Bolsa de Nova York, houve repercussão em todo o mundo e os preços do café também despencaram da noite para o dia.
Desde os 17 anos
Em 1935 as dificuldades financeiras do pai e a má vontade de estudar no colégio interno em Vassouras (RJ) levaram Ribeiro de volta à fazenda onde começou, aos 17 anos, a administrar os negócios.
Ele conta que teve muita sorte trabalhando com café. "Meus pais também me ajudaram muito. Eu sempre vendi meu café em etapas independentemente da época", diz ele.
A produção média da fazenda Monte Alto é de 18 mil sacas de café beneficiado. O cultivo é feito a mais de 800 metros do nível do mar, considerada uma boa altitude para a obtenção de café de qualidade.
A mão-de-obra empregada é de 250 pessoas; 60 famílias de colonos moram na fazenda, dispondo em suas casas até de antenas parabólicas, entre outros benefícios. Na cidade, vagas na fazenda de Ribeiro são disputadas por trabalhadores.
O produtor tem no total quatro fazendas de café e uma de gado de corte, esta em Rio Branco, no Estado do Acre. Todas as fazendas somam 4 mil hectares.
Governo falha
Para Ribeiro, o pequeno produtor está desaparecendo por falta de assistência do governo.
"O sitiante não tem condições de continuar sem assistência. Eu tive muita sorte. Mas a maioria não está podendo nem comer, quanto mais produzir. A situação dos meus conhecidos é muito difícil. Eles venderam o café com preço muito baixo, infelizmente", confirma ele.

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